Problema acontece em escolas da região noroeste paulista.
Lei diz que se deve ensinar a língua de sinais e a língua portuguesa escrita.
Estudantes que têm deficiência auditiva na região noroeste paulista
sofrem com problemas nas escolas. A lei diz que eles deveriam aprender a
língua de sinais e a língua portuguesa escrita na escola, mas na
prática, não é o que acontece.
Em muitas instituições de ensino, esses alunos se sentem excluídos,
ficam sem entender, não compreendem o conteúdo que os professores tentam
passar e isso prejudica o desenvolvimento e o aprendizado dessas
crianças.
Estudante de Poloni
(SP), Maria Eduarda de Souza se comunica com a mãe com gestos e sons
que só as duas conhecem. A menina vai completar 9 anos e embora
frequente a escola desde pequena, ainda não conhece bem a língua de
sinais.
A mãe dela, Simone de Souza, diz que a filha enfrenta problemas no
aprendizado. “O que me deixa mais preocupada é a falta da sala de
recurso, o que seria primordial para ela. Como ela não tem domínio na
língua de sinais, ela teria que frequentar essa sala e a escola, nem o
Estado me fornecem esse recurso na minha cidade”, afirma.
Além de não oferecer aulas de libras, a escola estadual onde Maria
Eduarda estuda não está preparada para receber crianças surdas, mesmo
aquelas que já têm domínio da língua de sinais. No ano passado, a menina
passou seis meses, sem intérprete, em sala de aula e não entendia
absolutamente nada do que a professora dizia. “É o que eu estou brigando
desde o ano passado, eu quero uma educação primordial para minha filha,
é direito dela”, fala Simone.
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Segundo a Lei, todo aluno com deficiência auditiva tem direto a uma
educação bilíngue em sala de aula. Isso significa que a criança surda
tem que aprender na escola, primeiro a língua de sinais, depois a
portuguesa, na forma escrita. O problema é que nem toda escola pública
está preparada para colocar isso em prática.
A estudante Tatiane Silva tem 11 anos e vive a mesma situação que Maria
Eduarda. A menina está na quinta série de uma escola municipal de São José do Rio Preto
(SP) e ainda não sabe escrever direito. A tia de Tatiane Neuraci Silva
se revolta coma falta de estrutura. “Essa nova lei de inclusão faz ela
se distanciar dos outros alunos, porque ela não consegue aprender. Se
tivesse alguém para poder passar para ela o que a professora ensina, ela
conseguiria aprender”, diz.
Presidente da pastoral dos surdos de São Jose do Rio Preto, Leonor
Bernardes Neves acredita que pelo menos a metade não tenha acesso a uma
educação adequada. “Não está funcionando, não foi colocado em prática
como deveria ser o aluno está mais excluído ainda”, afirma a presidente
da pastoral.
Jaqueline Pandin é estudante e um exemplo de que só mesmo a força de
vontade é capaz de reverter uma realidade tão difícil como esta. Ela tem
29 anos, é surda e está no terceiro ano de faculdade. A mãe dela
Silvana Pandin precisou lutar incansavelmente para que a filha tivesse
perspectiva de futuro. Hoje a sensação de orgulho, mas ela sabe que para
muita gente concluir essa trajetória vai ser bem difícil. “Nós tivemos
muitos desafios, são diversas dificuldades principalmente para eles que
estão sendo recebidos pela inclusão, mas não sabem como isso está
funcionando”, conta.
A Secretaria Municipal de Educação de São José do Rio Preto informou
que hoje em dia cerca de 20 crianças e adolescentes surdos estão
matriculados na rede pública e todos têm interprete em sala de aula. O
dirigente regional de ensino Luís Reinaldo Lopes diz que o Estado presta
acompanhamento a esses alunos. “Estamos seguindo esses casos para ter
certeza de que haverá cumprimento da lei”, afirma.
Maria Eduarda se comunica com a mãe com gestos e sons que só as duas conhecem (Foto: Reprodução / TV TEM)
http://g1.globo.com/sao-paulo/sao-jose-do-rio-preto-aracatuba/noticia/2015/04/estudantes-com-deficiencia-auditiva-sofrem-com-falta-de-aulas-especiais.html
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