RYBENINHA

RYBENINHA
SINAL: BEM -VINDOS

DÊ-ME TUA MÃO QUE TE DIREI QUEM ÉS



“Em minha silenciosa escuridão,
Mais claro que o ofuscante sol,
Está tudo que desejarias ocultar de mim.
Mais que palavras,
Tuas mãos me contam tudo que recusavas dizer.
Frementes de ansiedade ou trêmulas de fúria,
Verdadeira amizade ou mentira,
Tudo se revela ao toque de uma mão:
Quem é estranho,
Quem é amigo...
Tudo vejo em minha silenciosa escuridão.
Dê-me tua mão que te direi quem és."


Natacha (vide documentário Borboletas de Zagorski)


SINAL DE "Libras"

SINAL DE "Libras"
"VOCÊ PRECISA SER PARTICIPANTE DESTE MUNDO ONDE MÃOS FALAM E OLHOS ESCUTAM, ONDE O CORPO DÁ A NOTA E O RÍTMO. É UM MUNDO ESPECIAL PARA PESSOAS ESPECIAIS..."

LIBRAS

LIBRAS

LIBRAS

LIBRAS
"Se o lugar não está pronto para receber todas as pessoas, então o lugar é deficiente" - Thaís Frota

LIBRAS

LIBRAS
Aprender Libras é respirar a vida por outros ângulos, na voz do silêncio, no turbilhão das águas, no brilho do olhar. Aprender Libras é aprender a falar de longe ou tão de perto que apenas o toque resolve todas as aflições do viver, diante de todos os desafios audíveis. Nem tão poético, nem tão fulgaz.... apenas um Ser livre de preconceitos e voluntário da harmonia do bem viver.” Luiz Albérico B. Falcão

QUANDO EU ACEITO A LÍNGUA DE SINAIS

QUANDO EU ACEITO A LÍNGUA DE SINAIS
“ A língua de sinais anula a deficiência e permite que os sujeitos surdos constituam, então, uma comunidade linguística minoritária diferente e não um desvio da normalidade”. Skliar

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Uma psicóloga com deficiência auditiva

Crônicas da Surdez

Depoimento enviado pela Amanda
psicologo
“Eu nunca imaginei que um dia eu estaria aqui, assumindo para o mundo a minha deficiência. Mas a vida é mesmo muito engraçada e, pesquisando na Internet, acabei encontrando o blog da Paula, que me deu forças para encarar a verdade.
Bem, sou Amanda Verena Carvalho Batista, 23 anos, sou de Teresina – Piauí, Psicóloga, estou concluindo uma especialização na área e, paralelamente, também faço faculdade de Direito. Tenho deficiência auditiva bilateral moderada a profunda, sou oralizada, ninja em leitura labial, nunca me interessei por Libras e, acreditem, faço uso de aparelhos auditivos há apenas um mês.
A Paula me pediu para contar como é ser Psicóloga e deficiente auditiva, então vou começar a falar um pouquinho como vim parar onde estou agora. Minha mãe me contou que, quanto eu tinha uns 3 ou 4 anos, tive uma infecção muito grave nos ouvidos e fiz uso prolongado de antibióticos. Por conta dessa doença, acabei perdendo um pouco a audição e minha família sabia disso, mas nunca me levaram para fazer algum tratamento ou algo do tipo. Nunca pensaram na possibilidade ou necessidade do uso de aparelhos e, assim, cresci sem ouvir muito bem. Eu apenas fazia a audiometria de vez em quando para acompanhar a evolução do quadro.
O engraçado é que, mesmo sem ouvir direito, sempre fui a melhor aluna da sala, as melhores notas sempre eram as minhas e nunca repeti ano. Por outro lado, sempre sofri MUITO preconceito por não escutar direito e não foram poucas as vezes que chorei no banheiro da escola por causa das grosserias dos colegas. Até mesmo os professores e coordenadores  não sabiam como agir quando as pessoas eram agressivas comigo, e olha que eu estudei a vida inteira lá e era uma das melhores escolas da cidade (caríssima, diga-se de passagem, e sem estrutura para lidar com deficientes auditivos!!!).
No ensino médio, mudei de escola e sonhei que lá seria tudo diferente, que encontraria pessoas compreensivas e que não me discriminariam. Que grande engano! Eram bem piores, na verdade. Naquela época, eu sabia sim, que não ouvia direito, e estava em negação profunda. Hoje sei que grande parte do meu sofrimento foi por culpa da não-aceitação. Acredito que teria sido mais fácil se eu tivesse assumido, me imposto, brigado e não aceitado que as pessoas me tratassem assim. Se esconder não me levou a lugar nenhum.
Quando chegou a hora de decidir o que eu queria para a minha vida, não pensei duas vezes: Psicologia. Mesmo com minha deficiência, sempre fui boa ouvinte, o que é bem irônico. Graças à leitura labial, tirava muita coisa de letra, conseguia entender o que o outro queria dizer, sabia o que queriam dizer antes mesmo de completar a frase. Sei que me escondi por muito tempo, mas eu agradeço a Deus por ter me dado essa grande lição de vida. Sou surda, sim, mas graças a ela, tenho um raciocínio rápido, sou boa observadora, consigo perceber coisas e detectar sinais. Sempre amei ler e os livros eram meu refúgio secreto. Graças a isso, consigo ler, entender e interpretar textos rapidamente, e isso sempre deixou muita gente encabulada, rs. É também graças a essa deficiência, que consigo ser empática, consigo me por no lugar do outro e compreender o que ele está sentindo.  E, como Psicóloga, faço bom uso de todas essas habilidades.
Só para vocês terem uma ideia, entrei na faculdade com 16 anos e me formei com 21. Hoje, aos 23 anos, estou concluindo uma especialização em Tanatologia e comecei a faculdade de Direito. Trabalho como Psicóloga, sim, e amo minha profissão. Mas quero fazer muito mais, muito mesmo, por isso decidi fazer Direito. Quem sabe eu não seja uma grande juíza ou entre para a política e chegue à Presidência do Brasil? O que vai me impedir? A surdez é que não!
As dificuldades são enormes, sim. O preconceito e a discriminação, também. E tudo isso magoa por que é difícil lidar com uma deficiência que te impede de se comunicar, se expressar. Poder OUVIR, ENTENDER e COMPREENDER o que o outro diz, é um privilégio enorme e as pessoas deveriam dar mais valor à audição e tratar melhor os deficientes auditivos. É duro viver sem ouvir! Bom, o tempo foi passando e a surdez foi ficando cada vez pior. Eu escutava, mas estava difícil entender o que diziam. E estava ficando cada vez mais dependente da leitura labial e comecei a perceber que isso iria atrapalhar minha vida profissional, pois minha ferramenta de trabalho era a escuta e o diálogo, ou seja, eu estava ferrada!
Para aceitar que eu precisava usar aparelhos adutivos, tive que refletir muito. Tive que lidar com velhos fantasmas, tive que me encarar no espelho, superar as mágoas, aprender a não ter vergonha de algo que não é minha culpa. Entendi que eu teria que tirar o melhor dessa experiência por que essa era a minha realidade, a minha vida, quem eu era e não podia fugir disso. Não foi fácil e não sei se eu teria tomado essa decisão sem o apoio do meu namorado, Mário. Foi ele quem me ensinou a não ter vergonha da minha surdez, a não me preocupar com o que os outros pensariam dos meus aparelhos, a encarar isso como algo que acrescentaria à minha qualidade de vida. Eu levei a vida inteira para aceitar e meu namorado levou 2 anos para me convencer que eu precisava dos aparelhos.
Hoje, com um mês de uso de aparelhos auditivos, posso dizer que mudei, pra melhor. Ainda está complicado lidar com o preconceito, principalmente agora que estou fazendo faculdade de novo. As pessoas levam um susto, acho que não conseguem entender como uma surda oralizada pode ser Psicóloga, pode conversar com desenvoltura, ser inteligente e estar fazendo uma segunda faculdade. Acho que elas não conseguem entender que a minha deficiência é auditiva, não de caráter nem de QI. Mas estou tentando não me importar. Não sei como vai ser daqui pra frente, se a surdez vai evoluir, se vai estabilizar… Só sei que a surdez não me define, mas é parte de quem sou; e se hoje sou FORTE, é porque a vida e a surdez me fizeram assim. Eu poderia contar tantas e tantas situações humilhantes, embaraçosas e algumas tantas engraçadas que vivenciei por causa da surdez. Poderia tentar descrever as angústias, os medos, as incertezas e as crises que se vive quando se é deficiente auditivo. Mas ocuparia muitas e muitas linhas e não há espaço, rs, e são vivências comuns a todos nós, deficientes auditivos!
Paula, obrigada pela oportunidade, pelo exemplo, por compartilhar. Força sempre!
Beijos a todos!
Amanda”

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