RYBENINHA

RYBENINHA
SINAL: BEM -VINDOS

DÊ-ME TUA MÃO QUE TE DIREI QUEM ÉS



“Em minha silenciosa escuridão,
Mais claro que o ofuscante sol,
Está tudo que desejarias ocultar de mim.
Mais que palavras,
Tuas mãos me contam tudo que recusavas dizer.
Frementes de ansiedade ou trêmulas de fúria,
Verdadeira amizade ou mentira,
Tudo se revela ao toque de uma mão:
Quem é estranho,
Quem é amigo...
Tudo vejo em minha silenciosa escuridão.
Dê-me tua mão que te direi quem és."


Natacha (vide documentário Borboletas de Zagorski)


SINAL DE "Libras"

SINAL DE "Libras"
"VOCÊ PRECISA SER PARTICIPANTE DESTE MUNDO ONDE MÃOS FALAM E OLHOS ESCUTAM, ONDE O CORPO DÁ A NOTA E O RÍTMO. É UM MUNDO ESPECIAL PARA PESSOAS ESPECIAIS..."

LIBRAS

LIBRAS

LIBRAS

LIBRAS
"Se o lugar não está pronto para receber todas as pessoas, então o lugar é deficiente" - Thaís Frota

LIBRAS

LIBRAS
Aprender Libras é respirar a vida por outros ângulos, na voz do silêncio, no turbilhão das águas, no brilho do olhar. Aprender Libras é aprender a falar de longe ou tão de perto que apenas o toque resolve todas as aflições do viver, diante de todos os desafios audíveis. Nem tão poético, nem tão fulgaz.... apenas um Ser livre de preconceitos e voluntário da harmonia do bem viver.” Luiz Albérico B. Falcão

QUANDO EU ACEITO A LÍNGUA DE SINAIS

QUANDO EU ACEITO A LÍNGUA DE SINAIS
“ A língua de sinais anula a deficiência e permite que os sujeitos surdos constituam, então, uma comunidade linguística minoritária diferente e não um desvio da normalidade”. Skliar

terça-feira, 20 de março de 2012

Tratamento diferenciado para surdos sinalizados nas provas de redação de vestibular: eu NÃO concordo

Um link que encontrei no Facebook me chamou a atenção e fiquei de olhos arregalados ao ler o conteúdo da notícia. Dêem uma olhada, e notem as besteiras que foram ditas e, o pior, como sempre colocaram todos os surdos dentro do mesmo saco. Fico impressionada de ver como os surdos sinalizados fazem questão de continuar tentando que a imprensa acredite que surdos oralizados não existem. A Sô Ramires é rápida e já fez um post e deixou um comentário lá na matéria!

 

“Pelo menos 22 alunos com deficiência auditiva que vão disputar o vestibular este ano estão preocupados com a correção da prova de redação durante o processo seletivo. Os candidatos se sentem prejudicados nesta modalidade da prova, pois a escrita dos surdos é diferente dos demais candidatos que não possuem deficência auditiva. Para alguns surdos, o ideal seria que, ao invés da redação escrita, as Instituições de ensino superior aplicassem uma prova oral, mas dentro da Língua Brasileira de Sinais (Libras). Outros candidatos sugerem que a redação seja corrigida por um profissional que tenha formação na Língua de Sinais, para compreender a escrita dos surdos. Na redação, os surdos não usam conectivos e os verbos sempre são escritos no infinitivo. Nem sempre fica definida na escrita a distinção por gênero. Sobre a estrutura da Libras, a pedagoga Rejane Lima ressalta que não pode ter como base a Língua Portuguesa, uma vez que a gramática é diferenciada e independente da língua oral. “A ordem dos sinais na construção de um enunciado obedece regras próprias que refletem a forma do surdo processar suas ideias, com base em sua percepção visual-espacial da realidade”, diz.

Nas escolas

Para a professora Sônia Teixeira, esta preocupação dos candidatos com deficiência reflete um problema que não se restringe à época do vestibular, e sim em como as escolas regulares estão tratando os alunos com necessidades especiais. “A escola regular não consegue dar conta da inclusão destes alunos. Há poucos profissionais com formação para os surdos, por exemplo”, aponta a professora.

O candidato Rodrigo Duarte de Queiroz, 29 anos, é um dos surdos preocupados com a redação. Ele vai disputar uma vaga para o curso de Licenciatura em Letras – Libras, oferecido pela Universidade do Estado do Pará (Uepa), mas vê dificuldades nesta modalidade que podem prejudicar qualquer candidato com deficiência auditiva, uma vez que a escrita de quem não consegue ouvir é diferente.

“A prova de múltipla escolha a gente entende, mas ao invés de termos de escrever a redação deveria ter um intérprete para traduzir (uma espécie de redação oral)”, disse Rodrigo, que, depois de formado, pretende fazer concurso público.

Somente na Uepa, 103 candidatos com algum tipo de necessidade especial se inscreveram para os processos seletivos deste ano, sendo que 88 farão as provas em Belém. Sobre a preocupação dos vestibulandos com deficência física, a Uepa informou que 63 técnicos especializados, lotados na própria instituição, irão acompanhar os candidatos durante a realização da prova. Em relação aos candidatos surdos ou de baixa audição, a Uepa esclareceu que eles serão acompanhados por intérpretes da Língua Brasileira de Sinais (Libras) ou por ledores que poderão elucidar o conteúdo das provas, em caso de dúvidas. Sobre a correção da prova, a Uepa não comunicou se haverá algum tratamento diferenciado para os alunos com necessidade especial. Em resposta a inquietação destes vestibulandos, o Centro de Processos Seletivos (Ceps) da Universidade Federal do Pará (UFPA) explicou que no processo de correção das provas do vestibular neste ano não há tratamento diferenciado aos portadores de necessidades especiais, uma vez que apenas a segunda fase é elaborada pela insituição e nela não há prova de redação, nem questões subjetivas – a redação aplicada na 1ª Fase que é a do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).”

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Porque eu não concordo com tratamento diferenciado nas provas de redação (seja em vestibular, concurso público, etc)??

Em primeiro lugar, porque penso que qualquer cidadão brasileiro, seja surdo ou ouvinte, tem o dever de saber ler e escrever. Um surdo sinalizado tem todo o direito de não querer falar, mas tem também o dever de dominar a modalidade escrita da língua do país onde vive. Uma pessoa incapaz de ler e escrever e eternamente dependente de intérprete para interagir com outras pessoas está fadada a que? Vai conseguir algum trabalho fora da comunidade surda? Fiquei tentando lembrar de profissões que não exijam conhecimento da língua portuguesa e não consegui.

O fato de surdos sinalizados não quererem fazer uma prova de redação ou quererem tratamento diferenciado evidencia de forma gritante a falência do sistema educacional do qual fazem parte. Em qualquer universidade, nos dias de hoje, é basicamente pré-requisito que o aluno saiba também (no mínimo), um pouco de inglês e espanhol. Não conseguir ler e escrever em português e querer cursar uma faculdade parece, no mínimo, bizarro. E na hora de escrever o trabalho de conclusão de curso, como será? Alguém vai escrever pelo aluno e fica tudo por isso mesmo?

Já questionei alguns educadores de surdos sobre o fato de surdos sinalizados não dominarem o português escrito e acabo sempre surpresa com o argumento principal, que diz respeito à capacidade econômica da família.

Não acho nem um pouco justo com as pessoas que passaram a vida inteira ralando na escola (com deficiência auditiva ou não, e vamos deixar claro que surdos oralizados também ‘apanham’ bastante no colégio, pois parece que a vida escolar é simples e fácil para nós) e se esforçando para superar barreiras e limitações. Nós não temos e nunca tivemos tratamento diferenciado. Se comunicar de uma forma diferente é uma coisa, querer que o mundo inteiro se adapte a você são outros quinhentos. Helen Keller está aí para provar que até mesmo um surdocego pode ser fluente na modalidade escrita da língua do seu país.

Só o que vejo são pedidos de tratamento diferenciado, e jamais me deparei com algum projeto que queira tornar os surdos sinalizados fluentes em português escrito. Isso não faz sentido.

Por último, acho muito irresponsável da parte de qualquer jornalista que se preze escrever que “a escrita dos surdos é diferente“, “candidatos surdos ou de baixa audição devem ser acompanhados por intérprete de LIBRAS“. Aqui estou eu, que tenho surdez severa, redigindo esse texto, assim como milhares de outros surdos oralizados brasileiros. Matérias que generalizam a surdez prejudicam demais pessoas como nós. Não quero ter que passar a minha vida inteira explicando que surdos oralizados não usam LIBRAS, não precisam de intérprete e dominam o português e também outras línguas em sua modalidade escrita e falada.

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