Figuras
desproporcionais, cabelos diferentes e peles coloridas. Com desenhos que
fogem do comum, a artista plástica Carla Douglass utiliza a arte como
ferramenta para lidar com as diferenças. Após percorrer por diferentes
instituições de ensino para levar o mundo de Carlotas,
um lugar onde todos são imperfeitos, a ideia agora é desenvolver o
projeto de um portal com recursos para educadores trabalharem os temas
imperfeição, respeito e empatia. Tudo isso com uma linguagem lúdica e
bem humorada.
Os conteúdos serão direcionados para crianças e adolescentes, com
faixa etária entre 6 e 18 anos. Em uma área exclusiva, os educadores
terão acesso a vídeos explicativos e materiais para download. Em cada
atividade, eles poderão contar com um roteiro de apoio que indica os
objetivos da proposta, desenvolvimento e idade recomendada, sempre
respeitando a autonomia do professor para criar em cima das atividades.
“As pessoas sempre buscam a faculdade perfeita, o emprego perfeito. A
gente tenta viver em um mundo perfeito”, afirma Carla. Segundo ela, ao
utilizar imagens imperfeitas para descontruir essa idealização, é
possível abrir espaço para que os alunos sejam pessoas muito mais
cooperativas e capazes de aceitar o outro. “Eles se transformar em
adultos livres de censuras e dos limites impostos por uma sociedade que é
focada no perfeito.”
Para Carla, o caráter lúdico da arte ajuda a transmitir a mensagem
com muito mais facilidade. “É uma linguagem global e não existe uma
barreira social”, pontua. Em uma das atividades por exemplo, os alunos
serão estimulados a formar duplas para pintar uma folha inteira com
grafite. De olhos vendados, eles deverão utilizar a borracha para criar
traços e formar um desenho imperfeito. “Em uma atividade como essa, você
também esbarra muito na questão do respeito. O seu traço é livre, mas
vai apenas até onde começa o do outro”, explica a pedagoga Joice Risnic,
ao mencionar a importância dos alunos entrarem em acordo ao dividir
espaço em um mesmo papel.
O site também vai propor aos educadores a criação de um portfólio com
os alunos. “Ele vai receber todas as atividades e representar a
história daquele grupo se relacionando com mundo de Carlotas”, conta a
pedagoga. Porém, longe de ficar arquivado em uma gaveta, a ideia é que
todos os trabalhos sejam expostos. “Quando a sua arte fica exposta, ela
não é mais sua. Ela se torna de todo mundo”, destaca Joice.
Financiamento coletivo
Para viabilizar os recursos necessários para o site, o projeto do Portal Carlotas está em financiamento coletivo no site Partio,
que apoia projetos culturais. A campanha de arrecadação está dividida
em três fases. Na primeira, o projeto tem até o dia 3 de outubro para
arrecadar R$ 22 mil no financiamento coletivo, o que garante o
desenvolvimento do portal e a disponibilização de atividades. Se atingir
a meta inicial, com R$ 44 mil o portal também estará pronto para
oferecer fóruns de interatividade e com R$ 66 mil uma loja virtual para
vender os produtos de Carlotas. Os apoiadores podem contribuir com
valores a partir de R$ 25. Cada doação terá uma contrapartida, que pode
vir na forma de cadernos personalizados, ilustrações e telas exclusivas.
Todos pintados pela artista plástica Carla Douglass.
http://www.inclusive.org.br/?p=26897
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