Professor conta que a mãe – que é surda – foi a primeira a testar a novidade: ‘Ela leu e entendeu. Foi incrível’.
Um pesquisador da Universidade Federal de Goiás (UFG) desenvolveu
mapas adaptados com a Língua Brasileira de Sinais (Libras). Eles podem
auxiliar no ensino de cartografia na escola e até mesmo na locomoção de
surdos pela cidade.
“A primeira pessoa que testou o mapa foi minha mãe, que é surda, e
foi uma felicidade enorme. Eu vi a expressão no rosto dela, de que ela
leu e entendeu o mapa, foi bacana demais, foi incrível”, disse o professor de geografia Pedro Moreira.
O projeto foi desenvolvido em 2016, durante o doutorado do
pesquisador. Segundo ele, os mapas são usados em diversos locais e
situações, como em pontos de ônibus, shoppings e aplicativos de
transporte, mas, geralmente, não estão em libras.
“Meus pais são surdos. Alguns primos e tios também são. Sou
professor de geografia e também tenho alunos surdos. Eu sempre via uma
dificuldade muito grande deles em entender mapas, por um motivo simples,
os mapas não têm Libras”, afirma Pedro.
Mapas
Ele desenvolveu o mapa-múndi e um mapa da população do Centro-Oeste. As adaptações são no título, legenda, escala, orientação, que indica a direção, e as coordenadas geográficas, que informam latitude e longitude.
Ele desenvolveu o mapa-múndi e um mapa da população do Centro-Oeste. As adaptações são no título, legenda, escala, orientação, que indica a direção, e as coordenadas geográficas, que informam latitude e longitude.
O projeto saiu do papel em abril de 2019. Para garantir que os surdos
pudessem ler os mapas de forma mais completa, o pesquisador também usou
a datilologia, que é um sistema de representação das letras do
alfabeto, e a visografia, uma representação gráfica da língua de sinais.
O pesquisador disse que o próximo projeto será o desenvolvimento de
um atlas, com mais possibilidades de sinais e espaços para a compreensão
de pessoas surdas. Ele destacou que o resultado da pesquisa foi
gratificante, tanto pelo lado pessoal quanto pelo profissional.
“Ver meus pais e meus alunos lendo o mapa foi gratificante
demais. Lembrei de quando eles não conseguiam ler, Hoje isso não existe
mais. Eu, como professor, posso dar um mapa aos meus alunos surdos e
eles conseguem entender, assim como os outros alunos. É uma
possibilidade de inclusão imensa”, conta o professor.
Além dos mapas didáticos desenvolvidos, Moreira desenvolve mapas de
inclusão em língua de sinais para shoppings, empresas de ônibus e até
para aplicativos.
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