Quando a Paula me convidou para falar sobre audiometria pensei
nos leitores que estão tendo o primeiro contato com o mundo das
dificuldades auditivas e lembrei também das reações inusitadas de vários
pacientes ao chegar para fazer o exame, sem falar nas indicações
inadequadas que recebemos… E resolvi aceitar o desafio! 🙂
O que é audiometria?
A primeira informação importante é que a audiometria é o exame padrão-ouro para avaliar a audição! E isso quer dizer que é o exame de escolha, o primeiro que devemos pensar quando se trata de investigação auditiva.
É
claro que ela sozinha não diz tudo que precisamos saber, mas já garante
um excelente ponto de partida. Por meio dela é possível detectar desde
alterações mínimas no sistema auditivo até a surdez, ainda inferir qual a
porção do ouvido está afetada e em que grau. E vale lembrar que o
ouvido é dividido didaticamente em três partes (externo, médio e
interno) e alterações em cada uma delas vai gerar uma configuração na
audiometria.
Quem deve ser submetido à audiometria?
A audiometria é um exame fundamental para quem tem qualquer tipo de dificuldade ou desconforto na audição.
Considerando que o bebê já passou por triagem auditiva no nascimento,
aconselha-se realizar audiometria no primeiro ano de vida, aos 3 anos,
as crianças em idade escolar principalmente no início da alfabetização,
além dos casos em que as crianças apresentam atraso ou trocas na fala.
Os
adultos devem realizar sempre que perceberem alguma dificuldade
auditiva, e periodicamente as pessoas quem tem familiares com perda
auditiva, pessoas expostas a ambientes ruidosos…
Quais são testes realizados na audiometria básica?
A avaliação audiológica convencional é composta de três testes básicos:
Audiometria tonal liminar
é o teste em que o fonoaudiólogo vai “tocar uns apitos” para descobrir o
som mais baixo que você escuta para cada frequência avaliada. As
crianças maiores e os adultos devem responder a presença desse apito
levantando a mão ou apertando um botão. Já para descobrir se as crianças
menores ouvem utilizamos estratégias como reforço visual ou associação
do som a um jogo de encaixes.
Audiometria vocal, também chamada de logoaudiometria, é o procedimento pelo qual é avaliada a recepção, detecção e o reconhecimento de fala.
Imitanciometria ou timpanometria avalia as alterações de orelha média.
Esses
três exames são complementares entre si e devem sempre estar juntinhos
quando o médico, o fonoaudiólogo, a escola ou qualquer outro
profissional solicitar a audiometria!
Audiometria sem mitos: o que já ouvi na clínica
É muito difícil fazer audiometria?
– Apesar de exigir técnica e experiência do profissional, é um exame bastante simples.
Precisa de algum preparo?
–
Não necessita de nenhuma preparação especial, a não ser estar bem e com
os ouvidos descansados do barulho. Evite o som alto, festas, shows e
até mesmo máquinas muito ruidosas 14 horas antes do exame.
Dói o ouvido?
– Fazer audiometria não dói e ainda pode ser divertido, acredite!
Posso ficar preso na cabine?
–
Você não vai ficar preso na cabine e você não está sozinho, o
fonoaudiólogo está na sua frente e atento a todas as suas reações.
Crianças
com necessidades especiais só podem fazer o exame de audição por meio
de teste objetivo que não dependem da resposta do paciente?
–
Com cuidado e carinho crianças especiais como as com síndrome de Dowm e
autistas, na maioria das vezes, podem sim realizar audiometria.
Já
fiz audiometria uma vez e deu normal, isso quer dizer não preciso me
preocupar mais com minha audição? O exame vale por quantos anos?
–
A audiometria avalia como está sua audição no momento do exame. Não é
possível garantir a “validade”, se logo após o exame a pessoa apresentar
alguma doença ou acidente ele pode se modificar.
Eu não gosto de fazer esse exame, fico estressado toda vez que tenho que ir fazer exame com a fono!
–
O fonoaudiólogo não é seu inimigo, ele está ali para te ouvir, para
investigar como está sua audição, é um parceiro para te auxiliar na
busca do mundo sonoro!
O que é necessário para realizar a audiometria?
Para
que o exame seja realizado adequadamente é necessário ambiente
acusticamente tratado – para que os ruídos existentes não atrapalhem a
determinação do limiar -, equipamentos audiológicos específicos
(audiômetro e imitanciômetro) devidamente calibrados e por fim e não
menos importante, o profissional capacitado.
Quais são os resultados possíveis da audiometria?
Apesar de muitos falarem em “porcentagem de audição” esse não é o termo mais adequado nem o resultado final da audiometria! Leia este post para entender melhor.
Ao
final do exame, os resultados dos testes são expostos em um gráfico
chamado audiograma, no qual constam as respostas do paciente aos
variados sons que foi submetido. O laudo do exame deve dizer se
existe ou não alteração auditiva, e em casos de perda, deve estar
descrito o lado, tipo e em que grau.
Além
disso, quando necessário, o fonoaudiólogo pode encaminhar para
profissionais, sugerir avaliação através de testes objetivos para
confirmar e/ou complementar exame, pedir acompanhamento e realizar
orientações.
Para finalizar…
A
audiometria avalia a audição em seu aspecto quantitativo, para avaliar
como você interpreta o som é necessária uma avaliação do processamento
auditivo (mas isso já é papo para outro post).
Não
deixe para depois o que podemos cuidar hoje! Procure o
otorrinolaringologista e o fonoaudiólogo sempre que houver qualquer
dúvida quanto sua audição.
Cuide de sua audição: é através dela que temos acesso à comunicação humana! 🙂
- Lena Dutra
- Fonoaudióloga – CRFa 1054 | Clínica SONORA Rio de Janeiro
- Especialista em Audiologia pelo CFFa, Doutora em Saúde Coletiva pelo IESC/UFRJ
https://cronicasdasurdez.com/o-que-e-audiometria/
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