Sinalizações são feitas por meio de bandeira idêntica a usada por assistentes de futebol. Técnico da seleção mineira cria 19 gestos para facilitar marcações
Como sinalizar que o jogador com deficiência auditiva tirou
de forma incorreta a bola do adversário? Ou que a entrada e saída da
quadra foi feita de forma irregular? E as faltas cometidas pelos
jogadores na área de gol? O técnico de Uberlândia e da seleção mineira,
Rafael Tim, encontrou as respostas para essas perguntas e as colocou em
prática durante a primeira edição do Campeonato Brasileiro de Handebol
para surdos, realizada na cidade mineira nesse fim de semana. Rafael
criou 19 gestos para otimizar o esporte e facilitar as marcações. A
cada apito, a arbitragem foi instruída a orientar os atletas com uma
bandeira. O novo instrumento é idêntico ao utilizado pelos auxiliares no
jogo de futebol.
– A gente fez uma adaptação para a modalidade. Antes, usávamos o
apito, por conta dos torcedores que acompanham os jogos, e
gesticulávamos para que os atletas entendessem que a partida foi
interrompida. No futsal (para surdos) a gente viu o uso da bandeira.
Considero que é uma medida essencial para o atleta surdo, isso chama
mais atenção e todos verão o que o árbitro está sinalizando – contou
Rafael.
Campeão Mineiro pela equipe de Uberlândia, o atleta Gabriel Gonçalves
disputou o estadual sem o uso da bandeira. No Brasileiro, ele entende
que o desempenho poder ser ainda melhor e que a nova maneira de
comunicação facilita o jogo.
– Os surdos podem ter esporte e isso ainda pode ser ampliado. Se não
tem a bandeira, como que vamos fazer, a gente não ouve. Utilizando a
bandeira, facilita a nossa partida. O canal principal nosso do jogo é a
visão, e isso ajuda a entender melhor o jogo – disse o jogador por meio
de uma intérprete.
Embora as regras sejam as mesmas, o handebol para surdos tem algumas
características próprias. Além da nova comunicação entre juízes e
jogadores, o papel do intérprete é fundamental, pois boa parte das
pessoas que está nas arquibancadas ou até integrantes das comissões
técnicas não tem fluência em língua de sinais.
Maisa Sena treina o time feminino de Uberlândia, a seleção de Minas
Gerais e a seleção brasileira. Ela é o braço direito do técnico Rafael
Tim, que não é fluente em libras.
– A gente acaba facilitando o trabalho do treinador, por isso tem
essa importância, tanto nos treinos quanto nos jogos. Ajudo na hora de
passar as informações no meio da quadra, no pedido de tempo, porque não
podemos gritar. O Tim tem muita experiência no esporte, e juntando à
comunicação tem dado certo – explicou.
Quem passou por um processo de treinamento para o Campeonato
Brasileiro em Uberlândia foram os árbitros. São 19 gestos que facilitam
os atletas a entenderem a marcação e identificar a hora de parar e
recomeçar o jogo.
– A regra é a mesma. Só que agora tem inclusão da bandeira, que nos
permite interferir na partida de maneira mais assídua e deixar os
atletas mais informados. Fizemos um treinamento para o posicionamento
da bandeira, para que os atletas possam identificar a interrupção.
Fizemos um treinamento de como me organizar para levar a partida da
melhor maneira possível – afirmou o juiz Mateus Zardo.
A etapa brasileira de handebol teve duas equipes femininas, Minas
Gerais e Distrito Federal, e seis clubes masculinos, Minas Gerais, São
Paulo, Santa Catarina, Distrito, Rio Grande do Sul e Paraná. Os jogos
começaram nesse sábado e serão encerrados na manhã deste domingo.
http://www.surdosol.com.br/brasileiro-de-handebol-inova-na-interacao-entre-arbitro-e-atletas-surdos/
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