16.01.2014, Assistiva
Um
passageiro chega a um balcão em um aeroporto e pede uma informação. O
atendente é surdo. Comunicação impossível? Que nada. Ele dá a resposta
na linguagem de sinais e um computador traduz seus gestos para o
discurso falado e escrito. No futuro, essa pode ser apenas uma das
muitas situações possíveis graças a projetos que usam plataformas de
videogames para melhorar comunicação, saúde, comportamento, memória e
desenvolvimento cognitivo.
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O sistema que traduz a linguagem de sinais para voz está sendo aperfeiçoado na China pelos laboratórios da Microsoft com base no Kinect, o acessório que interpreta gestos em jogos do console Xbox 360. O projeto é uma parceria da empresa com a Academia Chinesa de Ciências e a Universidade União de Pequim. O protótipo é capaz de traduzir 300 palavras chinesas e também funciona de maneira reversa: ouve a linguagem falada do interlocutor da pessoa com deficiência e a traduz em gestos, que aparecem em avatares na tela do computador.
Esse sistema pode auxiliar em outras incontáveis situações de interação entre pessoas com dificuldade de audição e fala e gente que não entende a linguagem dos sinais, como em consultas médicas ou salas de aula. "Esperamos estender o projeto a outros países mais para a frente", disse à ISTOÉ Stewart Tansley, diretor para pesquisas de interface com o usuário do laboratório Microsoft Research Connections. "Apoiamos totalmente o uso do Kinect por terceiros para a exploração de diversos cenários relacionados a outras aplicações", afirma.
O uso de games para fins além da diversão é uma tendência cada vez mais forte no mundo todo. Os jogos já são usados para auxiliar na diminuição de fobias e no apoio à fisioterapia. Agora, outras aplicações começam a aparecer, como o tratamento da condição oftalmológica conhecida como "olho preguiçoso" e nos treinamentos empresariais. Para Fábio Galvão, terapeuta ocupacional especializado em idosos, gadgets como o Kinect proporcionam o tipo de estímulo cognitivo que pede resposta imediata. Galvão faz residência em um hospital municipal de João Pessoa, na Paraíba, e conduz uma pesquisa sobre o uso do acessório da Microsoft em pacientes idosos
com
mal de Parkinson. Na terapia ocupacional, a dor geralmente limita o
raio de ação do corpo. Com o jogo, o paciente realiza os movimentos sem
perceber. "Os games tiram a monotonia e a repetição", diz o terapeuta,
que também usa o console Nintendo Wii em suas sessões.
Cada dificuldade física ou psicológica pede um tipo diferente de abordagem. Segundo Thiago Rivero, neuropsicólogo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e fundador da rede de pesquisadores em jogos NeuroGames, quem sofre de transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) extrai mais benefícios de games que exigem percepção do tempo, como tiro ao alvo, ou que valorizam atividades lentas, como jogos de aventura. Já no caso de pacientes autistas, o pesquisador recomenda os games sociais. "Eles melhoram a motivação para o tratamento, que é um dos maiores problemas nessa área", afirma.
Outros setores que se beneficiam desse tipo de plataforma são a educação e os negócios. Para Ricardo Miyashita, professor de engenharia da produção da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), que desenvolve jogos na área empresarial, os games de aventura ou de tomada de decisões são ótimas ferramentas para ensinar inovação e empreendedorismo. "A vantagem desse método é que o jogo trabalha o lado lúdico, que está presente em todo ser humano", diz. Além disso, os games trazem desafios e competição, o que estimula as emoções. "Boa parte da nossa capacidade de memorização está ligada aos sentimentos", afirma Miyashita, que testa seus jogos com alunos de graduação ou MBA. Outra tendência no mundo dos negócios é usar games para selecionar pessoal. "Algumas empresas dividem os candidatos em grupos e usam jogos de desafios ou de tomada de decisão para escolher seus trainees", diz o engenheiro. Na saúde ou nos negócios, o jogo é coisa cada vez mais séria.
Cada dificuldade física ou psicológica pede um tipo diferente de abordagem. Segundo Thiago Rivero, neuropsicólogo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e fundador da rede de pesquisadores em jogos NeuroGames, quem sofre de transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) extrai mais benefícios de games que exigem percepção do tempo, como tiro ao alvo, ou que valorizam atividades lentas, como jogos de aventura. Já no caso de pacientes autistas, o pesquisador recomenda os games sociais. "Eles melhoram a motivação para o tratamento, que é um dos maiores problemas nessa área", afirma.
Outros setores que se beneficiam desse tipo de plataforma são a educação e os negócios. Para Ricardo Miyashita, professor de engenharia da produção da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), que desenvolve jogos na área empresarial, os games de aventura ou de tomada de decisões são ótimas ferramentas para ensinar inovação e empreendedorismo. "A vantagem desse método é que o jogo trabalha o lado lúdico, que está presente em todo ser humano", diz. Além disso, os games trazem desafios e competição, o que estimula as emoções. "Boa parte da nossa capacidade de memorização está ligada aos sentimentos", afirma Miyashita, que testa seus jogos com alunos de graduação ou MBA. Outra tendência no mundo dos negócios é usar games para selecionar pessoal. "Algumas empresas dividem os candidatos em grupos e usam jogos de desafios ou de tomada de decisão para escolher seus trainees", diz o engenheiro. Na saúde ou nos negócios, o jogo é coisa cada vez mais séria.
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