Ainda que o conhecimento aprofundado das línguas possa ser adquirido de diferentes maneiras, cursos de qualificação tornam mais fácil e seguro o caminho para o sucesso
A carreira de tradutor
e intérprete é uma das mais promissoras para os próximos anos, segundo
avaliam especialistas. Em razão do bom momento da economia nacional e da
escolha do país como sede da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos
Olímpicos de 2016, o Brasil se prepara para receber grande contingente
de empresas, investimentos e turistas. A profissão não possui
regulamentação. Mas, ainda que o conhecimento aprofundado em língua
portuguesa e língua estrangeira - requisito básico para ingressar no
mercado - possa ser adquirido de diferentes maneiras, cursos de
qualificação e formações em nível graduação e pós tornam mais fácil e
seguro o caminho para o sucesso.
Segundo Adila Moura, coordenadora dos cursos de Letras da Unisinos,
o profissional, em tese, precisaria de uma formação técnica, que prevê
como funcionam as línguas de chegada, ou seja, o alvo de estudo. “É uma
área de conhecimento com muitas especificidades. O tradutor deve ter
pleno domínio de duas línguas: a portuguesa e a estrangeira”, explica.
Os cursos de formação podem ser de ensino médio, como é o caso da
Escola 25 de Julho, em Novo Hamburgo (RS), que oferece curso técnico de
tradutor e intérprete, ou de ensino superior, com opções de bacharelado
em Letras com habilitação em tradução. Existem ainda cursos de extensão e
de especialização para profissionais graduados.
O estudo é uma preparação para lidar com os aspectos das línguas,
como estudos aplicados, teorias de tradução e como desenvolver um
trabalho em tradução, técnicas, metodologia e tecnologias. “O
profissional precisa ter domínio do ofício. Porque eu sei falar
português não necessariamente eu sei ensinar português. Ler sobre
medicina não me faz médico. O mesmo acontece com a lingüística e com
tradução”, enfatiza Adila.
Por outro lado, como a profissão não possui regulamentação, qualquer
pessoa que possua conhecimento avançado de outros idiomas pode
exercê-la. “Não há exigência de diploma ou curso superior para atuar no
setor”, esclarece Pérsio Burkinski, intérprete há mais de 20 anos e
diretor-fundador da Millennium Traduções e Interpretações, de São Paulo.
Para o profissional, o mercado não diferencia candidatos diplomados,
pois são contratados através de testes e o que conta como vantagem são a
capacidade de interpretação e o conhecimento na língua estrangeira.
As possibilidades de trabalho incluem diversas atividades. As mais
conhecidas, entretanto, são a tradução simultânea (realizada ao vivo, em
tempo real e com auxílio de cabine e equipamentos) e a tradução
consecutiva (feita no momento seguinte à fala do palestrante, em curtos
intervalos de tempo). O objetivo principal é garantir a fluidez do
discurso, privilegiando a essência da mensagem e permitindo, assim, uma
comunicação interpessoal de qualidade.
A área também permite a realização de serviços como tradução de
websites, de contratos e documentos oficiais – nesses casos, faz-se a
tradução juramentada, realizada por profissionais que, submetidos a
concurso público, executam operações que necessitem de fé pública -;
implantação de softwares de empresas multinacionais; acompanhamento a
encontros políticos e corporativos e monitoramento de atividades
turísticas.
Francisco Araújo da Costa é tradutor há seis anos. Formado em
Publicidade e Propaganda e Letras pela Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFRGS), experimentou a função apenas como renda extra e
descobriu que gostava mais do que os outros trabalhos anteriores. Para
ele, a carreira vale o investimento no curto e médio prazo, pois a
demanda por mão de obra qualificada é maior que a oferta de
profissionais.
Ainda que graduado em Letras, Costa defende que a formação não é
essencial. “A formação tem suas vantagens, mas está longe de ser
necessária. Conhecimento técnico na área em que traduz tem mais
vantagens ainda, mas qualquer profissional ganha mais como engenheiro do
que como tradutor de engenharia, como médico do que tradutor de
medicina”, explica.
Remuneração e mercado de trabalhoA remuneração
dos tradutores e intérpretes é bastante variável e, geralmente, está
associada à produtividade e à experiência do profissional. O salário
mensal de um iniciante contratado pode chegar a R$ 2 mil, enquanto os
mais veteranos, e com uma rede de contatos que lhes permitam trabalhar
como freelancer, podem ganhar até R$ 15 mil.
O eixo Rio-São Paulo concentra a maioria das demandas exigidas pelo mercado. Quanto aos idiomas, os mais requisitados são inglês e espanhol, seguidos por francês, alemão e italiano.
Apesar do cenário favorável ao crescimento do mercado, o setor
enfrenta uma grande dificuldade: a carência de profissionais, em
quantidade e qualidade. “Os obstáculos são ainda maiores quando a
procura é por profissionais capacitados para atuarem em nichos
específicos, como a área médica, por exemplo”, enfatiza Burkinski.
Outro ponto apontado é que o Brasil está carente de cursos de formação.
Para ele, “o país precisa investir em cursos mais práticos como os da
Europa. A pós-graduação é mais forte”.
Também é necessário atentar a valores como a postura e a ética,
aponta o diretor da Millennium. Para ele, parte dos problemas
enfrentados no setor de traduções e interpretações não se deve às
dificuldades com a língua, e sim à transgressão de tais princípios. O
profissional precisa se comportar de modo discreto e estar trajado de
acordo com as exigências do evento. “Além disso, jamais deve emitir
juízos sobre o que está sendo dito e nem ocultar falas por discordâncias
de opinião”, completa Burkinski.
http://revista.penseempregos.com.br/noticia/2011/11/tradutor-e-interprete-mercado-e-promissor-para-os-proximos-anos-3579711.html
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