Amanda com a mãe Jomara: ação na Justiça para garantir a conclusão da faculdade
Com intérpretes fora das salas,
estudantes com deficiência auditiva da Unifil não conseguem acompanhar
as aulas; Situação deve ser regularizada em 20 dias
A
Unifil tem 20 dias para disponibilizar tradutor/intérpretes de Libras
(Linguagem Brasileira de Sinais) para alunos com deficiência auditiva em
todas as aulas, sob pena de pagar multa diária de R$ 2 mil. A liminar
foi concedida pelo juiz da 5ª Vara Cível, Aurênio José Arantes de Moura,
a partir de ação civil pública ingressada pela promotora Solange
Vicentin. Ela foi procurada por um grupo de pais de alunos da faculdade
que enfrentam dificuldades em compreender o conteúdo das disciplinas
devido à ausência desses profissionais em todas as aulas.
De acordo com a promotora, nove alunos precisavam de intérprete e a
Unifil estava disponibilizando apenas quatro em uma sala de apoio. No
entanto, sem os profissionais em sala de aula, eles não estariam
conseguindo compreender as matérias. Tanto que dois deles já teriam se
desligado da faculdade, segundo a promotora. “A Unifil argumentou que
estaria cumprindo a legislação ao disponibilizar os quatro profissionais
em uma sala de apoio. Mas a legislação determina que todas as
necessidades dos estudantes sejam atendidas e eles precisam de
acompanhamento em sala de aula”, explicou.
Amanda Jacinto, 20 anos, está no terceiro ano de Biomedicina e,
segundo sua mãe, Jomara, ela quase perdeu a bolsa de estudo no ano
passado por não conseguir acompanhar o conteúdo. “Desde o primeiro ano
ela enfrentou problemas por falta de intérpretes. Eu dava o celular para
ela gravar as aulas e depois eu fazia a transcrição”, conta. Indignada
com a situação, Jomara reuniu os pais dos outros oito alunos e foi até
ao Ministério Público.
Jomara afirma que hoje existe um discurso voltado para a inclusão das
pessoas com deficiência, mas falta uma “compreensão da cultura dos
surdos”. “Os surdos são estrangeiros em seu próprio País. É necessário
entender que se precisa de informações para compreender e ações para
aprender. Onde estão propostas essas ações? Surdos não são aquelas
pessoas que não ouvem, mas aquelas que não sabem ouvir”, desabafa. Ela
ressalta que a situação está abalando emocionalmente a filha. “A Amanda
está com febre, com atestado médico. Só não entro com uma ação por danos
morais porque tenho medo que ela perca a bolsa.”
A reportagem do JL procurou contato com a direção da faculdade, mas não obteve resposta.http://www.jornaldelondrina.com.br/cidades/conteudo.phtml?tl=1&id=1366808&tit=Alunos-recorrem-a-Justica-para-continuarem-estudos
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