A Caminho da Super Audição III: Fones Inteligentes
Estou de olho nesses IQbuds, em fase final de desenvolvimento pela startup NUHEARA. Eles devem ser os primeiros fones inteligentes do mercado que servem também para pessoas sem deficiência auditiva, trazendo evoluções importantes sobre os hearables já existentes e dos quais falei aqui nesse post
de janeiro passado. Diversos modelos de aparelhos auditivos e implantes
cocleares já contam com tecnologias de pré-processamento sonoro, que
proporcionam aos seus usuários microfones direcionais, conectividade Bluetooth e cancelamento de ruído ambiente. A
chegada dos IQbuds faz parte de uma onda que deverá revolucionar, numa
só tacada, os mercados de aparelhos auditivos e de fones de ouvido.
Se óculos podem ser peças de design, porquê aparelhos auditivos são “feios”?
Além dos óculos para leitura (dos quais
já não posso mais me separar) crianças, adultos e idosos usam diferentes
modelos para os mais variados problemas visuais. Óculos também se
tornaram peças de design, com modelos adaptados à face e ao estilo de
cada um. Além da compensação de alterações visuais, óculos com lentes
escuras são usados para proteger nossos olhos do excesso de radiação
ultravioleta. Com lentes de cores variadas e com versões polarizadas,
filtram o excesso de luz, aumentam o conforto, e melhoram a
visibilidade em ambientes esportivos ou de muita luminosidade.
Marcas de roupas famosas e caras também
produzem óculos. Aparelhos auditivos ainda carregam um pesado estigma
ligado à “velhice” ou à “deficiência” no sentido pejorativo e sempre
foram fabricados por empresas específicas. Óculos são vistos por alguns
como objetos de desejo. Aparelhos auditivos sempre foram algo a ser
evitado ou isso não sendo possível, ao menos escondidos. Os
departamentos de marketing das grandes empresas de aparelhos auditivos
sempre investiram no argumento de dispositivos discretos ou mesmo
invisíveis. Pelo menos até agora. Só que os tempos mudaram!
Fones de Ouvido e Aparelhos Auditivos: A Convergência nos Fones Inteligentes
Há alguns anos, marcas de fone de ouvido como Bose e Beats começaram
a se tornar atraentes através das cores e do estilo. Essa última,
chamou a atenção da Apple que a arrematou em 2014 por 3 bilhões de
dólares. Do lado funcional, foram introduzidos nos fones de
ouvido conectividade Bluetooth, microfones para chamadas telefônicas e
cancelamento ativo de ruído. A chegada dos fones inteligentes (hearables),
com sua miniaturização e sofisticação tecnológica, tem o potencial de
fazer aparelhos auditivos e fones de ouvido convergirem num só
dispositivo. Abaixo explico o que, em breve, os IQbuds e seus concorrentes poderão nos proporcionar:
- Cancelamento de ruído multi-ambientes
Os primeiros fones de ouvido com
cancelamento ativo de ruído surgiram para serem usados em viagens
aéreas. Embora ele sejam funcionais em diversos outros ambientes, sua
funcionalidade continua baseada no ruídos das viagens aéreas. A nova
geração de dispositivos será capaz de diferenciar diferentes ambientes
(vento, restaurantes, aviões), com mudança automática do protocolo de
cancelamento de ruído mais indicado em cada ambiente. Além disso, será
possível graduar o nível de cancelamento sonoro “externo” desejado, para
quando se deseja estar a par dos sons ambientes, por exemplo.
- Amplificação da fala em ambientes barulhentos
Somos capazes de ouvir sons entre 20 e
20.ooo hertz. Entretanto a maior parte dos componentes da fala humana
circula entre 300 e 3400 hertz. Assim, além do cancelamento do ruído
e da identificação do ambiente sonoro e descritos acima, os fones
inteligentes poderão enfatizar a audibilidade das faixas de frequência
da voz humana para melhorar a compreensão da fala em restaurantes,
festas, estádios e outros ambientes.
- Microfones direcionais para “foco auditivo”
Trata-se de tecnologia já conhecida no
mundo dos aparelhos auditivos. Através da conjugação e análise do sinal
de entrada de dois ou mais microfones estrategicamente posicionados, o
processamento digital é capaz de limitar o foco auditivo, eliminando por
exemplo a entrada dos sons traseiros e laterais, “focando” naqueles
vindos da frente.
- Integração com os dispositivos eletrônicos em ambientes de realidade aumentada
Usuários de aparelhos auditivos e fones
de ouvido já podem fazer chamadas telefônicas, ouvir música ou assistir a
TV recebendo os sons diretamente em seus dispositivos. Os fones
inteligentes prometem dar um passo adiante na conectividade, a caminho
do som holográfico. Fazendo uma analogia com os óculos de realidade
aumentada, com os quais podemos virar a cabeça e olhar em todas as
direções, o som holográfico tende a fazer a imersão sonora do ouvinte
num ambiente, melhorando a percepção de direcionalidade.
O Futuro? Ouvir melhor é “Bonito”.
Se essa convergência fizer sentido, não
tardará muito para que fones inteligentes seja tão comuns, aceitos e
desejados quanto um RayBan. Empresas de aparelhos auditivos e
de fones de ouvido poderão se tornar uma só, com fusões, aquisições,
falências… Na medida em que ouvintes e deficientes auditivos passarem a
andar por aí com coisas parecidas (ou iguais) em suas orelhas, o estigma
de velhice e da feiura dos aparelhos auditivos vai se dissipar, para
enfim seguirmos todos, deficientes auditivos ou não, a caminho da super-audição.
http://portalotorrino.com.br/fones-inteligentes/
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