Preciso dividir com vocês um ‘causo’ porque só vocês me entendem.
Nessas horas eu agradeço a Deus por ter um dia tido a idéia de criar
esse blog e, consequentemente, entrado em contato com milhares de pessoas que vivenciam exatamente as mesmas sensações que eu. Especialmente, quando elas são desesperadoras. Vamos lá, porque hoje eu preciso desabafar. Total estilo “fala que eu NÃO te escuto“, hahahaha.
Acho que foi em abril que os moldes dos meus Pure Carat
começaram a ‘nadar’ dentro das minhas orelhas, apitando alopradamente e
assustando quem estivesse por perto. Já me explicaram uma vez que as
nossas orelhas vão mudando de tamanho interno, engordando, emagrecendo – e, consequentemente nos enlouquecendo junto. Mandei refazer. Os meus são de acrílico, pois o Carat me dá um baita ganho auditivo mas me exige um molde perfeito,
bem justo, para evitar microfonia. Só que nessa do ‘bem justo’ é que
mora Satanás. Assim que os dois voltaram, o esquerdo estava nos
trinques. Como quando você compra um sapato e ele serve como se tivesse
sido feito sob medida para o seu pé. Já o direito, senti uma ‘fisgada’
assim que falei alguma coisa. Essa ‘fisgada’ maldita já é minha velha conhecida,
porque eu já passei por isso antes. Comigo, funciona assim: começa com
uma leve fisgadinha lá dentro, que vai piorando, doendo, quando você ri
chega a chorar junto de tanta dor, e já cheguei ao cúmulo de ficar com
uma orelha praticamente paralisada por teimosia em querer usar o AASI
com um molde que não servia bem.
Foi então que começou o meu calvário.
Até hoje não conseguimos acertar ainda outro molde pra orelha direita.
Ontem chegou nossa última tentativa (já perdi as contas se estamos no
quinto, no sétimo ou oitavo, já nem lembro quantos moldes a fono já
tirou com aquele mix de massinha verde e massinha branca também) e,
assim que coloquei, foi mexer a mandíbula e dar um gritinho de dor no
ato. Vou ter que ir a Porto Alegre na próxima semana para uma sessão
‘especial’ com a protética até acertarmos o babado antes que eu despiroque de vez e ela também.
Confesso que não faço nem idéia de como mantenho minha sanidade mental
quando isso me acontece – não é a primeira vez e estou convencida de
que tenho orelhas mutantes. Mutantes pro mal, diga-se. Minha real
vontade é jogar no chão, pisar em cima, dar um soco na parede, chorar
até desidratar, estrangular alguém, pegar uma agulha e furar o tímpano.
Mas não adianta. A deficiência auditiva é uma desgramada sem coração
que exige de nós uma resiliência e uma calma que nenhum outro ser
humano é capaz de ter. E quem está por perto é que paga o pato, porque
em alguém essa raiva precisa ser descontada (mil desculpas mãe, vó,
Dudo!!!!). Não tem sido fácil. Em muitos dias me resta a única opção de colocar um sorrisinho amarelo
no rosto, engolir o desatino, levantar e ir trabalhar de qualquer
jeito. Não sou muito afeita à idéia de entrar em depressão ou deixar que
a D.A. me ‘vença’, aliás, sem chance. Já cheguei até aqui, não vai ser
uma orelha direita rebelde que vai me derrubar. Ahhhhh, não!
Obrigada pelo desabafo!
Agora me contem como é que vocês fazem
pra manter a sanidade mental quando o AASI/molde prega essas peças sem
graça em vocês também. “Tamo junto!”
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