Quando recebi meu diagnóstico de deficiência auditiva bilateral progressiva, com 16 (ou 17, nunca lembro) anos, achei que talvez nunca chegasse o dia em que ela se tornaria profunda. Só que esse dia chegou – tem até um post que mostra uma comparação entre minhas audiometrias de 2002 e 2012. Eu sou muuuuito feliz com meus aparelhos auditivos, que me tiram da perda profunda e me levam pra uma perda quase leve.
Isso, em termos de quantidade de som. Posso estar no oitavo andar de um
prédio que consigo escutar um cachorro latindo lá no térreo, carros
passando, alarme soando, algum barulho esquisito qualquer. Consigo ouvir
música maravilhosamente bem. Consigo ouvir até as horrorosas bandas sem
talento que frequentam o estúdio de música da minha rua. Porém, no
quesito entender o que ouvi, são outros quinhentos. Cheguei no ponto em que escuto com os ouvidos E com os olhos, somente com os ouvidos não mais. Traduzindo: para a comunicação com outras pessoas, sou 100% dependente da leitura labial.
Com ou sem aparelhos. Na verdade, para poder conversar numa boa com
alguém preciso de três coisas: meus aparelhos auditivos, luz e leitura
labial.
Na semana passada, fui ao HUSM fazer uns
exames com uma amiga (que é fonoaudióloga e professora da UFSM) que
acompanha meu caso desde 2010, com a qual me sinto totalmente à vontade.
É a Michele Vargas Garcia (na foto, com os fones).
Falo dela no meu livro naquela parte em que conto da fono que me
perguntou porque eu resistia tanto a usar AASI e, quando comentei que
era porque tinha medo de me apegar ao som e um dia não ouvir mais nada,
ouvi de volta um “mas aí você faz um implante coclear!”. A Mi
tem uma paciência incondicional comigo e me considera a pessoa mais
desbocada do mundo (yes, falo muito palavrão!!!). E, junto com a Mi,
tenho a ajuda e apoio incondicional de outra fono que virou uma irmã, a Mirella Horiuti, de São Paulo. Essa dupla que segura minhas pontas e meus surtos no quesito audição – e falta dela!
Como dizem por aí, “chupa essa manga”: meu índice de reconhecimento de fala com ou sem aparelhos e sem leitura labial é de zero por cento. Que tal??
Portanto, meu próximo passo na vida é o implante coclear. Já fiz uma infinidade de exames, que comecei a mostrar para alguns médicos especialistas no assunto. De tanto ler o que a Lak Lobato escreve
no Facebook – que fala ao telefone, entende quase tudo sem leitura
labial, vai ao dentista e conversa com ele de máscara, etc – minha
vontade aumenta a cada dia. E minha ansiedade também, a ponto de ter
taquicardia quando falo sobre isso e recebo email de algum médico. A
decisão está tomada. Agora é seguir os passos que devem ser seguidos
para então descobrir o que é que Deus reservou pra mim nesse sentido.
Confesso pra vocês que só de imaginar a cena de ouvir música e entender a
letra sem precisar ler o encarte me dá uma descarga de adrenalina no
corpo inteiro sem precedentes. Acho que isso me faria a pessoa mais
feliz do mundo!!
Como sei que muitos de vocês já fizeram o
implante, tenho um pedido a fazer. Será que vocês poderiam me contar
nos comentários deste post como é que foi a trajetória de vocês em
relação ao IC, como é ouvir com o IC, como é ter IC num ouvido e usar
AASI no outro, como é a adaptação, enfim, TUDO. Esses dias li o
depoimento de uma americana de 94 anos (!!!) que fez IC e escreveu sobre como isso foi a melhor coisa que ela fez na vida e do arrependimento de não ter feito antes.
Enfim, gente, preciso de LUZ. Mostrem-me o caminho!
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