A luta pelo direito da pessoa com deficiência auditiva em encontrar livros em LIBRAS
Por Renata Soares
Fotos shutterstock e divulgação / Biblioteca Pública Anísio Teixeira
Espaço da biblioteca para pessoas com deficiência auditiva
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Ana
Carolina Praxedes aprendeu a se comunicar com a Língua Brasileira de
Sinais desde bem pequena, já que, ainda bebê, ficou surda. Formada em
Pedagogia com especialização em Materiais Pedagógicos, ela é autora de
jogos educativos elaborados em Libras, uma espécie de suporte aos alunos
que estão começando a aprender o português. Segundo a especialista,
essa é uma ferramenta essencial para reconhecer o significado das
palavras e deve ser inserida de maneira paralela ao aprendizado da
Língua Portuguesa. Ana, mais que ninguém, sabe da importância do acesso à
informação dessa linguagem, já que, além de atuar profissionalmente na
área, tem a experiência pessoal como fonte de motivação. "Tive que
superar a dificuldade de outras tantas pessoas com deficiência, que
encaram o problema da falta de livros e pouca variedade deles durante o
processo de alfabetização", conta a especialista.
O Ministério da Educação e Cultura (MEC) exige que todas as escolas
se adequem à diversidade linguística de seus estudantes, criando formas
igualitárias de acesso ao material escolar, didático e de pesquisa.
"Para pessoas com surdez, isso significa ter disponível o livro
traduzido em Libras e materializado em software específico que comporte
um vídeo na língua dos sinais", esclarece Neiva Albres, fonoaudióloga e
pedagoga. A profissional adianta que o MEC tem trabalhado na produção
desse material, e que as enuobras selecionadas e adquiridas para o plano
de 2011 deverão ser entregues em breve. "Esses livros devem integrar
também o Acervo Digital Acessível, um espaço virtual que estará
disponível no portal do Ministério. Estamos vivendo um momento de
mudança, em que ações são desenvolvidas para minimizar a desigualdade
social", afirma. Se na teoria tudo é perfeito, na prática o cenário é
outro. Neiva chama a atenção para um dado preocupante: a dificuldade das
pessoas com deficiência auditiva em ter acesso à cultura se deve ao
fato de poucas editoras estarem preocupadas com a causa.
De grão em grão
"O acesso aos livros em sua línguamãe (no caso do surdo, a Libras) é uma forma de trabalhar com o conhecimento de mundo, por meio de situações reais e contextualizadas, com sequência de fatos e acontecimentos", enumera a pedagoga Débora Rodrigues Moura, mestre em Línguística Aplicada pela PUC-SP. A pedagoga reforça que a leitura de uma obra regular mesmo para o surdo que tem o domínio do português é uma atividade realizada em um idioma diferente. É preciso que as bibliotecas com um bom acervo nessa linguagem tenham exemplares de assuntos diversos, de história contemporânea a materiais didáticos. "A criança deve ter acesso a vários tipos de textos e gêneros discursivos. É uma maneira de utilizar a leitura e a escrita com diferentes propósitos e práticas sociais. Com a criança surda não é diferente. Essa diversidade é igualmente necessária", alerta Débora. O conceito é compartilhado pela Biblioteca Pública Anísio Teixeira, em Salvador (BA), que embora conte com um acervo pequeno de livros na língua dos sinais, mantém um setor de atendimento especial para pessoas com deficiência auditiva. "Estamos começando. De um total de 14 mil obras, nosso acervo em Libras conta com 40 títulos, alguns periódicos, DVDs com histórias, documentários e contos infantis", explica a diretora Laura Galvão.
"O acesso aos livros em sua línguamãe (no caso do surdo, a Libras) é uma forma de trabalhar com o conhecimento de mundo, por meio de situações reais e contextualizadas, com sequência de fatos e acontecimentos", enumera a pedagoga Débora Rodrigues Moura, mestre em Línguística Aplicada pela PUC-SP. A pedagoga reforça que a leitura de uma obra regular mesmo para o surdo que tem o domínio do português é uma atividade realizada em um idioma diferente. É preciso que as bibliotecas com um bom acervo nessa linguagem tenham exemplares de assuntos diversos, de história contemporânea a materiais didáticos. "A criança deve ter acesso a vários tipos de textos e gêneros discursivos. É uma maneira de utilizar a leitura e a escrita com diferentes propósitos e práticas sociais. Com a criança surda não é diferente. Essa diversidade é igualmente necessária", alerta Débora. O conceito é compartilhado pela Biblioteca Pública Anísio Teixeira, em Salvador (BA), que embora conte com um acervo pequeno de livros na língua dos sinais, mantém um setor de atendimento especial para pessoas com deficiência auditiva. "Estamos começando. De um total de 14 mil obras, nosso acervo em Libras conta com 40 títulos, alguns periódicos, DVDs com histórias, documentários e contos infantis", explica a diretora Laura Galvão.
"Ter uma biblioteca com livros em Libras é garantir que qualquer pessoa tenha acesso à cultura em sua primeira língua"defende Débora Moura, mestre em Línguística Aplicada pela PUC-SP
A frequência dos usuários que procuram o acervo especial é quase 20% da procura geral da biblioteca. A biblioteca, que deu início às atividades do Setor de Atendimento à Criança e ao Adolescente Surdo (SACAS) há apenas dois anos, ainda encontra dificuldades para prosseguir. Segundo Laura, a demanda cresce e nem todas as solicitações podem ser atendidas. "Apesar do suporte que recebemos da Fundação Pedro Calmon, precisamos de mais títulos, CDs e DVDs para esse público. Doações são mais do que importantes, já que o papel da biblioteca pública é socializar e dar ao leitor espaço organizado onde possa buscar e trocar informações gratuitamente", explica a diretora.
" Facilitar a acessibilidade, no que tange os direitos das pessoas com deficiência, é também uma forma de somar o lazer ao estudo, assim, elas se sentem incluídas e valorizadas",
avalia Laura Galvão, diretora da Biblioteca Pública Anísio Teixeira, em Salvador (BA)
Opinião dos educadores
De acordo com Roger Prestes, professor de Libras e educador de surdos há nove anos, a importância envolve a quantidade de informação que uma pessoa com deficiência auditiva, de acordo com o número de livros que encontra em sua língua. "Considero muito importante iniciativas como estas das prefeituras. Um acervo de livros e dicionários em Libras facilita a procura por informação", comenta. Surdo também, Prestes leciona atualmente na Escola Municipal de Ensino Fundamental Especial para Surdos, da Secretaria de Educação de Canoas, no Rio Grande do Sul. De acordo com o professor, toda biblioteca deveria ter obras de referência como "A Imagem dos Outros sobre Cultura Surda", de Karin Strobel, e "Estudos Surdos", de Gladis Perlin. "Sei como é difícil encontrar material apropriado nas livrarias e bibliotecas e quero ajudar meus alunos de alguma forma, nem que seja cobrando das autoridades, editoras e autores que olhem para esse público carente de cultura", diz.
Serviço
Atividades educativas em Libras Site: http://www.atividadeseducativas.com.br
Biblioteca do INES Instituto Nacional de Educação de Surdos Site: http://www.ines.gov.br
Biblioteca Pública Anísio Teixeira Tel.: (71) 3117-6339
Dicionário de Libras Acesso Brasil, com vídeos ilustrativos Site: http://www.acessobrasil.org.br/libras
Dicionário de Libras Associação do Jovem Aprendiz Site: http://www.libras.org.br
Dicionário de Libras Online Site: http://www.dicionariolibras.com.br
Legislação referente a Língua Brasileira de Sinais Site: http://www.libras.org.br/leilibras
Livro: "LIBRAS - Imagem do Pensamento" - Site: http://www.escala.com.br
Vídeo: "Aprendo com a leitura", do Instituto Santa Teresinha Site: http://www.youtube.com
De acordo com Roger Prestes, professor de Libras e educador de surdos há nove anos, a importância envolve a quantidade de informação que uma pessoa com deficiência auditiva, de acordo com o número de livros que encontra em sua língua. "Considero muito importante iniciativas como estas das prefeituras. Um acervo de livros e dicionários em Libras facilita a procura por informação", comenta. Surdo também, Prestes leciona atualmente na Escola Municipal de Ensino Fundamental Especial para Surdos, da Secretaria de Educação de Canoas, no Rio Grande do Sul. De acordo com o professor, toda biblioteca deveria ter obras de referência como "A Imagem dos Outros sobre Cultura Surda", de Karin Strobel, e "Estudos Surdos", de Gladis Perlin. "Sei como é difícil encontrar material apropriado nas livrarias e bibliotecas e quero ajudar meus alunos de alguma forma, nem que seja cobrando das autoridades, editoras e autores que olhem para esse público carente de cultura", diz.
Serviço
Atividades educativas em Libras Site: http://www.atividadeseducativas.com.br
Biblioteca do INES Instituto Nacional de Educação de Surdos Site: http://www.ines.gov.br
Biblioteca Pública Anísio Teixeira Tel.: (71) 3117-6339
Dicionário de Libras Acesso Brasil, com vídeos ilustrativos Site: http://www.acessobrasil.org.br/libras
Dicionário de Libras Associação do Jovem Aprendiz Site: http://www.libras.org.br
Dicionário de Libras Online Site: http://www.dicionariolibras.com.br
Legislação referente a Língua Brasileira de Sinais Site: http://www.libras.org.br/leilibras
Livro: "LIBRAS - Imagem do Pensamento" - Site: http://www.escala.com.br
Vídeo: "Aprendo com a leitura", do Instituto Santa Teresinha Site: http://www.youtube.com
Como pedagoga, Ana Carolina avalia como é importante a
difusão da língua dos sinais em livros, apostilas e jogos educativos
que ajudem os surdos a conhecerem sua linguagem própria. "Mas, como
pessoa com deficiência auditiva, gosto das obras em português e
historinhas filmadas em Libras", diverte-se.
Nem só de livros vive uma biblioteca
O livro não é a única forma da Biblioteca Pública Anísio Teixeira incentivar o acesso à língua dos sinais. Periodicamente, são realizadas diversas oficinas, cursos de teatro e de música para pessoas com deficiência auditiva. Há ainda atividades abertas ao público em geral, educadores e, até mesmo, funcionários da instituição, para qualificar e ensinar Libras. São oficinas de teatro e de português, como segunda língua, para incentivar a leitura por meio de suportes e mecanismos de acessibilidade. Observação do serviço: para emprestar um livro em Libras da biblioteca é preciso morar em Salvador, preencher um cadastro com dados pessoais, levar duas fotos, o documento de identidade e um comprovante de residência, além do endereço de e-mail e ter telefone para contato.
O livro não é a única forma da Biblioteca Pública Anísio Teixeira incentivar o acesso à língua dos sinais. Periodicamente, são realizadas diversas oficinas, cursos de teatro e de música para pessoas com deficiência auditiva. Há ainda atividades abertas ao público em geral, educadores e, até mesmo, funcionários da instituição, para qualificar e ensinar Libras. São oficinas de teatro e de português, como segunda língua, para incentivar a leitura por meio de suportes e mecanismos de acessibilidade. Observação do serviço: para emprestar um livro em Libras da biblioteca é preciso morar em Salvador, preencher um cadastro com dados pessoais, levar duas fotos, o documento de identidade e um comprovante de residência, além do endereço de e-mail e ter telefone para contato.
http://revistasentidos.uol.com.br/inclusao-social/63/artigo211463-2.asp
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