Instituição oferece filmes com tradução em Libras e audiodescrição para serem assistidos em casa
Por Sandra Balbino / Fotos Divulgação/Arpef
Mesmo
quem não vê ou não ouve pode assistir a um bom filme, comendo pipoca e
tomando um refrigerante geladinho em casa. Isso é acessibilidade à
cultura nacional por meio de mais uma iniciativa da Associação de
Reabilitação e Pesquisa Fonoaudiológica (ARPEF), no Rio de Janeiro. O
projeto, patrocinado pela Petrobras, agora se chama “Cinema Nacional
Legendado e Audiodescrito – Versão Videoteca” e agrega também pessoas
com deficiência visual. Nas duas edições anteriores, o programa
beneficiava somente os surdos.
Essa nova versão foi idealizada pela
fonoaudióloga Helena Dale, em parceria com o Centro de Produção de
Legendas (CPL), onde são produzidas as legendas ocultas dos filmes da
mostra Cinema Nacional Legendado do Centro Cultural Banco do Brasil e da
programação da Rede Globo de Televisão.
Helena explica que as mudanças ocorreram por
conta da demanda das pessoas com deficiência auditiva de outros Estados.
“Começamos a pensar na Versão Videoteca como uma forma de levar cultura
a esse público, e a quem, por um motivo ou outro, ou mesmo por
comodidade, prefere assistir aos filmes em casa, com amigos ou família”.
Na primeira edição da Versão Videoteca, em
2006, foram apresentados 60 filmes nacionais legendados encaminhados a
100 instituições de surdos em todo o Brasil. Na versão atual, já foram
distribuídos 30 filmes em associações e escolas para surdos e outros 30
para associações e escolas para deficientes visuais. Entre os títulos
distribuídos estão: “Chico Xavier’, “Lula, o Filho do Brasil”, “Se Eu
Fosse Você”, “Tropa de Elite”, “Saneamento Básico”, “Zuzu Angel”, “Era
uma vez”, “Os Normais 2”, “Divã”, “Linha de Passe”, “Ó Paí, Ó”, “A
Mulher Invisível”, entre outros. O objetivo é levar entretenimento para
locais e onde a mostra “Cinema Nacional Legendado e Audiodescrito” não
chega.
Como obter os filmes
As associações que recebem o material da Videoteca podem até mesmo alugar (a preço simbólico) os vídeos. Entretanto – e isso Helena deixa bem claro – não podem comercializar os filmes sob forma alguma, somente alugar ou emprestar. “Fizemos isso como maneira de auxiliar essas instituições, que quase não contam com recursos para se manterem. É um modo de estimular as filiações às associações representativas”, diz a mentora.
Para fazer parte do projeto e receber os filmes existem dois pré-requisitos: a associação, escola ou ONG deve estar filiada à Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (FENEIS) ou à Organização Nacional de Cegos do Brasil. A outra regra é que as produções só podem ser exibidas domesticamente. Entre cegos e surdos, a iniciativa contabiliza mais de 500 mil beneficiados até agora.
As associações que recebem o material da Videoteca podem até mesmo alugar (a preço simbólico) os vídeos. Entretanto – e isso Helena deixa bem claro – não podem comercializar os filmes sob forma alguma, somente alugar ou emprestar. “Fizemos isso como maneira de auxiliar essas instituições, que quase não contam com recursos para se manterem. É um modo de estimular as filiações às associações representativas”, diz a mentora.
Para fazer parte do projeto e receber os filmes existem dois pré-requisitos: a associação, escola ou ONG deve estar filiada à Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (FENEIS) ou à Organização Nacional de Cegos do Brasil. A outra regra é que as produções só podem ser exibidas domesticamente. Entre cegos e surdos, a iniciativa contabiliza mais de 500 mil beneficiados até agora.
A fonoaudióloga enumera os benefícios de
projetos culturais como este: “Em relação aos surdos, a contribuição é
notória. A possibilidade de ver esses filmes alia o prazer aos ganhos no
domínio da língua escrita, já que eles aprimoram a leitura a partir dos
múltiplos imputs que a legenda em um filme determina. E quanto aos
cegos, o relato mais constante refere-se à satisfação de assistir a um
filme de forma independente, e compreendendo efetivamente a obra”.
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Pessoas com deficiência, mas não insensíveis
Somente um surdo ou cego pode realmente descrever a sensação de ver e entender um filme, sem ouvi-lo ou vê-lo. “A sensação do ‘eu também posso’ é quase que impossível de relatar. Além disso, as produções me ajudam a melhorar o português”, declara Fernanda de Araújo, 31 anos, atriz e professora de Libras. A surda explicou ainda que alguns recursos como o Closed Caption a auxiliam muito durante a apresentação. “Assim eu posso alterar o posicionamento da legenda para saber quem está falando e entender os ruídos que são transcritos, como por exemplo, o latido de um cachorro ou o rangido de uma porta”, conta. O ator e cineasta Nelson Pimenta, 47 anos, vai pelo mesmo caminho. Surdo e não oralizado, ele afirma que a legenda o ajudou muito. “A primeira vez foi difícil, mas aos poucos, comecei a ler as legendas. Hoje peguei prática”, revela. O estudante de Letras e Libras, Gabriel Finamori, 22 anos, confessa que quando não tem Closed Caption, seu maior problema é com os filmes de terror. Ele conta que tem dificuldades, nesses casos, por não haver qualquer tipo de legenda que indique o que está acontecendo. Mas nem tudo são flores e elogios. O pedagogo Ulrich Palhares, 23 anos, faz críticas ao sistema de legendas. “O visual das legendas precisa de mais qualidade. Ainda há muito a ser melhorado”. A atriz e professora de Libras, Rosana Grassi, 31 anos, concorda. “A legenda é importante para o surdo, mas deve ser aprimorada”. Críticas e elogios à parte todos são unânimes em louvar a iniciativa. E quando o assunto é filme preferido parece combinado mas não foi: o número um é “Chico Xavier”.
Somente um surdo ou cego pode realmente descrever a sensação de ver e entender um filme, sem ouvi-lo ou vê-lo. “A sensação do ‘eu também posso’ é quase que impossível de relatar. Além disso, as produções me ajudam a melhorar o português”, declara Fernanda de Araújo, 31 anos, atriz e professora de Libras. A surda explicou ainda que alguns recursos como o Closed Caption a auxiliam muito durante a apresentação. “Assim eu posso alterar o posicionamento da legenda para saber quem está falando e entender os ruídos que são transcritos, como por exemplo, o latido de um cachorro ou o rangido de uma porta”, conta. O ator e cineasta Nelson Pimenta, 47 anos, vai pelo mesmo caminho. Surdo e não oralizado, ele afirma que a legenda o ajudou muito. “A primeira vez foi difícil, mas aos poucos, comecei a ler as legendas. Hoje peguei prática”, revela. O estudante de Letras e Libras, Gabriel Finamori, 22 anos, confessa que quando não tem Closed Caption, seu maior problema é com os filmes de terror. Ele conta que tem dificuldades, nesses casos, por não haver qualquer tipo de legenda que indique o que está acontecendo. Mas nem tudo são flores e elogios. O pedagogo Ulrich Palhares, 23 anos, faz críticas ao sistema de legendas. “O visual das legendas precisa de mais qualidade. Ainda há muito a ser melhorado”. A atriz e professora de Libras, Rosana Grassi, 31 anos, concorda. “A legenda é importante para o surdo, mas deve ser aprimorada”. Críticas e elogios à parte todos são unânimes em louvar a iniciativa. E quando o assunto é filme preferido parece combinado mas não foi: o número um é “Chico Xavier”.
Cego, mas vê Para o advogado Luiz Cláudio
Rodrigues, presidente da Associação dos Deficientes Visuais do Estado do
Rio de Janeiro (Adverj), a parceria com o CPL está trazendo bons
frutos. Isso porque, segundo ele, pessoas com deficiência visual e com
baixa visão têm mais facilidade de compreensão e entendimento do que
está no vídeo ou na tela. “Podemos considerar como um ganho
significativo em relação à acessibilidade”, avalia.
http://revistasentidos.uol.com.br/inclusao-social/63/artigo211488-1.asp
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