O público que veio ao Lollapalooza se surpreendeu com
uma novidade em festivais brasileiros: alguns shows contam com tradução
simultânea em libras, a língua brasileira de sinais. Foi o caso de
Holger, Agridoce, Copacana Club e The Killers, na sexta-feira (29), e
Ludov e Graforréia Xilarmônica neste sábado (30). Duas intérpretes se
dividem entre as apresentações: Lílian Rocha e Cyntia Teixeira.
"A música não é só som, é uma experiência muito ligada a
vibrações. Um festival como esse proporciona uma vivência corporal
muito forte", justifica Lílian, 32 anos, intérprete de libras há 15. "Um
trabalho como esse é importante para que o surdo que está no show possa
entender por que o cantor se emociona em determinado momento, por
exemplo", explica Cyntia, 30, que começou a se interessar pela língua há
19 anos, para conversar com deficientes auditivos que encontrava em um
ponto de ônibus.
Elas contaram que essa é a primeira vez que trabalham em
um festival de música. "Fazemos muitos congressos e vários têm
participações musicais, mas nunca tínhamos feito um trabalho como
esse. Espero que, depois disso, a tradução para surdos em shows se torne
algo corriqueiro, assim como já acontece em festivais no exterior",
afirma Lílian. Além do que os artistas falam durante os shows, as
intérpretes têm de traduzir as letras das músicas. Para facilitar o
trabalho, elas recebem as letras antes. "Temos que conhecer as músicas
para saber o que fazer", explica Cyntia. "Mas alguns artistas
internacionais decidem na hora o que tocar. Nesses casos, a tradução é
feita na hora mesmo", completa.
As bandas estrangeiras oferecem ainda um outro desafio
para Cyntia e Lílian. Elas têm de fazer duas traduções: primeiro do
inglês para o português e, depois, do português para libras. No entanto,
para elas, o show mais difícil do primeiro dia de Lollapalooza foi de
uma banda brasileira mesmo. "O retorno do show do Agridoce não estava
chegando bem. Não conseguíamos entender bem o que a Pitty dizia. Sorte
que era em português", contou Lílian.
Como ficam em um local privilegiado durante os shows -
no palco mesmo ou um pouco abaixo dele -, as tradutoras contam que
recebem muitos pedidos dos fãs. "Eles perguntam se conversamos com os
artistas, gritam para que a gente peça uma música, dizem que estão de
aniversário, pedem para gente levar no palco. Mas não podemos fazer
nada! Mesmo estando bem perto deles, não conseguimos conversar com
nenhum artista", diz Cyntia.
Fãs de rock, elas também contaram que foi muito
emocionante estar diante do público durante o show do The KIllers, banda
que encerrou o primeiro dia do Lollapalooza. "Pela primeira vez fiz uma
tradução para tanta gente. Foi muito emocionante ver aquela multidão,
todo mundo cantando, fazendo as mesmas coisas. Não tem como não ficar
contaminado", finaliza Lílian.
Os shows de Criolo e The Black Keys, neste sábado, e
Vivendo do Ócio, Baia, República, Vanguart, Planet Hemp e Pearl Jam, no
domingo (31), também contarão com tradução simultânea para libras.
O
Lollapalooza continua neste sábado e domingo (31), no Jockey Club, em
São Paulo. Entre as principais atrações estão The Black Keys, Alabama
Shakes, Queens of the Stone Age, Franz Ferdinand e Criolo, no sábado, e
Planet Hemp e Pearl Jam no domingo.
Ainda
há ingressos para os dois dias, ao preço de R$ 350 - R$ 175 a
meia-entrada. As vendas acontecem apenas na bilheteria do Jockey e nos
pontos de venda.
http://musica.terra.com.br/lollapalooza/lolla-tem-traducao-para-libras-musica-nao-e-so-som-diz-interprete,99cc615372cbd310VgnVCM10000098cceb0aRCRD.html
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