A partida entre Vitória e Botafogo, na última quarta-feira (22), no Barradão, reservou um momento positivo para a torcida rubro-negra, apesar da derrota e eliminação do Leão na 3ª fase da Copa do Brasil. Visando promover acessibilidade para pessoas surdas, aquelas que têm perda auditiva e interagem pelo uso da Língua Brasileira de Sinais (Libras), o Vitória realizou uma iniciativa inclusiva, pensando em cada vez mais rubro-negros.
Antes da bola rolar, o Hino do 2 de Julho e o Hino Nacional, além da coletiva de imprensa pós-jogo do estreante técnico Thiago Carpini, dentre outros momentos durante a partida, foram traduzidos em Libras, fazendo com que torcedores surdos também possam participar da animadora experiência esportiva. A ação aconteceu por uma parceria do Vitória com a Librar, uma produtora de conteúdo em Libras, que tem "comprometimento com a inclusão da comunidade surda e a democratização dos direitos linguísticos", como explicam no próprio site.
Em conversa com o Bahia Notícias, o gerente de marketing do Vitória, Guilherme Queiroz, disse que o clube está trabalhando para que a tradução seja fixa nos jogos do Vitória, no Barradão, a partir de agora. O gestor destacou a importância do Leão dar "um passo significativo na promoção da inclusão social".
"Acreditamos que o futebol é um esporte universal que deve ser acessível a todos. Ao incluir traduções em Libras em momentos-chave de um jogo, o Vitória dá um passo significativo na promoção da inclusão social, demonstrando respeito e valorização à comunidade surda. Esta ação não apenas facilita o acesso à informação, mas também celebra a diversidade e a igualdade dentro do esporte", disse.
Guilherme também explicou que o Vitória atualmente conta com uma equipe de 12 pessoas para viabilizar e executar ações como essa.
"Enquanto departamento de marketing, nós também envolvemos outras áreas do clube até para conseguirmos viabilizar e executar o que foi planejado. Ao mesmo tempo, nossa equipe é composta por 12 profissionais que colaboram e chegam junto para entregarmos o melhor trabalho possível", comentou.
Contra o Botafogo, duas pessoas estiveram envolvidas na tradução em Libras. O rapaz se chama Cristiano Donado, CEO da Librar, e a moça se chama Rose, deficiente auditiva e que recebeu a tradução do Cristiano durante os momentos da ação na quarta-feira.
Do ponto de vista clínico, o que difere surdez de deficiência auditiva é a profundidade da perda auditiva. As pessoas que têm perda profunda, e não escutam nada, são surdas. Já as que sofreram uma perda leve ou moderada, e têm parte da audição, são consideradas deficientes auditivas.
No site da PAIS, Projeto para Acolhimento e Informação e Suporte à familiares de criança surdas, é possível encontrar uma lista de comunidades surdas da Bahia, com Associações, Centros e outras organizações em cidades como Salvador, Itabuna, Juazeiro, Vitória da Conquista, entre outras.
Além das pessoas surdas que se comunicam através das Línguas de Sinais, como a Libras, existém também as chamadas surdas oralizadas, que normalmente utilizam aparelhos ou implante coclear, realizam leitura labial e verbalizam. De acordo com a WFD (Federação Mundial dos Surdos, na sigla em inglês), 80% das pessoas surdas de todo o mundo têm baixa escolaridade e problemas de alfabetização.
É importante lembrar que o termo surdo-mudo é incorreto e não deve ser usado. A pessoa ter uma deficiência auditiva não significa que ela seja muda. A mudez é uma outra deficiência e é raro ver as duas acontecendo ao mesmo tempo. Acontece que muitas pessoas surdas, por não ouvirem, acabam não desenvolvendo a fala.
A Língua Brasileira de Sinais é reconhecida por lei no Brasil desde 2002. Com estrutura gramatical própria, não existem tempos verbais ou artigos e a organização das informações é diferente do português. Não só os sinais são importantes, mas também as expressões faciais e corporais.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), estima-se que existam cerca de 10 milhões de pessoas surdas no Brasil. Destas, aproximadamente 2,7 milhões possuem perda auditiva severa, que requer o uso de Libras (Língua Brasileira de Sinais) como principal meio de comunicação. Na Bahia, cerca de 500 mil pessoas possuem algum grau de deficiência auditiva, conforme dados do Censo 2010 do IBGE.
Vale a lembrança que, recentemente, o Vitória lançou uma camisa em homenagem ao Dia Mundial do Autismo, celebrado no último dia 2 de abril. O modelo, na cor vermelha do clube, conta com detalhes de peças de quebra-cabeças (símbolo oficial do Transtorno do Espectro Autista) ao longo do tecido e também em aplicações na gola e nas mangas.
O uniforme conta também com uma gravação em relevo, no formato de coração, atrás do escudo do clube, e o selo da campanha aplicado na parte de trás da camisa, com a mensagem “Jogamos pelo autismo. Hoje e sempre”.
Após a derrota por 2 a 1 para o Botafogo, a oitava consecutiva na temporada, o próximo compromisso do Leão será diante do Atlético Goianiense, no próximo dia 1°, um sábado, às 16h, no Barradão, pela 7ª rodada do Campeonato Brasileiro.
Na Série A, a equipe está dentro da zona de rebaixamento, na 18ª posição, com um ponto após cinco partidas e busca a recuperação para que, cada vez mais torcedores, possam viver a experiência de ser rubro-negro.
FONTE: https://www.bahianoticias.com.br/esportes/vitoria/27982-vitoria-projeta-manter-uso-de-linguagem-de-sinais-em-entrevistas-para-promover-acessibilidade
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