Aluna de Audiovisual e Novas Mídias acaba graduação com videodocumentário de educação inclusiva
Neste semestre, o curso de Audiovisual e Novas Mídias da Unifor
gradua a primeira cineasta surda do Estado do Ceará. Yanna Luisa Timbó
submeteu seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) à banca no dia 10 de
junho: um videodocumentário sobre o tema educação inclusiva para o
surdo.
O videodocumentário tem cerca de dez minutos, no qual Yanna foi
responsável por roteirizar, dirigir e atuar. Além disso, o trabalho é
bilíngue por ter áudio em português e tradução para libras. O fato,
inédito na história do audiovisual cearense, é de grande relevância.
Para a coordenadora do curso de Audiovisual e Novas Mídias da
Unifor, professora Ana Quezado, trata-se de uma conquista louvável da
aluna, como também de todos que fazem o curso de Audiovisual e Novas
Mídias da Unifor. “Hoje, no Brasil, apenas 1% dos surdos chegam ao
ensino superior. E, quando chegam, muitos desistem, até porque o
contexto universitário é desafiador para qualquer jovem. No caso da
Yanna, houve plena integração dos estudantes, dos professores e dos
funcionários da Unifor para o desempenho das atividades acadêmicas dela.
É claro que as características dela como aluna também contribuíram para
esse desenvolvimento, como autonomia e relações interpessoais
harmoniosas”, conta e acrescenta: “Vencidos todos os desafios,
principalmente num curso de Audiovisual, a Unifor forma a primeira
cineasta surda do Ceará, o que demonstra o seu compromisso com a
educação inclusiva”.
A estrutura da Unifor também foi um diferencial para o êxito da
aluna. Por meio do Programa de Apoio Psicopedagógico (PAP), a
Universidade disponibiliza um intérprete de libras para que todas as
aulas sejam acompanhadas por quaisquer alunos surdos. “Essa mediação é
importantíssima para que estudantes surdos não desistam dos cursos
superiores”, explica a coordenadora.
Apoio
A difícil audição de Yanna é congênita, a superação nos desafios da
vida foi diária, com a ajuda de familiares e profissionais da Saúde e
da Educação. Bilíngue em libras e português, a aluna diz que com estudos
não teve maiores problemas, mas que chegou a sofrer bullying diversas
vezes. “As amizades eram poucas, pois apesar de usar o aparelho auditivo
e o implante coclear, minha voz não é muito boa. Porém, os que têm uma
maior sensibilidade conseguem conversar comigo”, ressalta a estudante.
“Hoje estudo na Unifor, local que me aceitou como surda. Vejo
tantas pessoas iguais na minha deficiência, coisa que nos outros
estabelecimentos escolares não existia. Foi aqui que me tornei bilíngue e
o círculo de amizades, que antes era tão reduzido, está bem mais amplo.
Estou me formando na faculdade que escolhi e que amo”. Sobre seu TCC, a
aluna conta que a escolha do tema, Educação para surdos no Ceará, foi
fácil, por sua própria vivência. “Faço parte, literalmente, do projeto,
por ter exposto minha vida, meus sofrimentos e agora estar aqui,
realizada e vitoriosa, apesar de tudo”.
Diálogo
De acordo com o professor Valdo Siqueira, orientador do TCC de
Yanna, o videodocumentário busca dialogar com o indivíduo surdo, mas
também com aquele que entende libras e, é claro, com todos que são
ouvintes. “O trabalho de Yanna busca estabelecer diálogo com todos
acerca das questões pertinentes à educação inclusiva. Mais em específico
sobre a educação para surdos. No momento em que o curso Audiovisual e
Novas Mídias forma sua sexta turma, torna-se surpreendente para todos
nós, professores do campo cultural, a graduação de uma aluna especial:
surda. Nos parece que este fato é um denotativo do alcance inclusivo que
a atividade audiovisual pode ter. O campo amplia as possibilidades do
indivíduo, o faz superar quaisquer limitações, até biológicas”,
acredita.
“Quero mostrar que nós surdos somos capazes, somos pessoas iguais a vocês ouvintes. Mostrar que não existe barreira quando nos esforçamos, quando nos dedicamos àquilo que acreditamos, mas que sem a ajuda e compreensão dos outros nada é possível, pois nessa vida dependemos muito um dos outros. No Audiovisual não é diferente. Tive ajuda de muitas pessoas para realizar meu projeto. Meu muito obrigada ao professor-orientador Valdo Siqueira, aos operadores de câmera, intérpretes, amigos, além de todos que fazem o Instituto Cearense de Escola de Surdos”, finaliza Yanna.
http://diariodosurdo.com.br/2015/06/unifor-gradua-a-primeira-cineasta-surda-do-estado/
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