Terminologia sobre deficiência na era da Inclusão - Romeu Sassaki
A
construção de uma verdadeira sociedade inclusiva passa também pelo
cuidado com a linguagem. Na linguagem se expressa, voluntariamente ou
involuntariamente, o respeito ou a discriminação em relação às pessoas
com deficiências. Com o objetivo de subsidiar o trabalho de jornalistas e
profissionais de educação que necessitam falar ou escrever sobre
assuntos de pessoas com deficiência no seu dia-a-dia, a seguir são
apresentadas 59 palavras ou expressões incorretas acompanhadas de
comentários e dos equivalentes termos corretos. Ouvimos e/ou lemos
frequentemente esses termos incorretos em livros, revistas, jornais,
programas de televisão e de rádio, apostilas, reuniões, palestras e
aulas.
1. adolescente normal
Desejando
referir-se a um adolescente (uma criança ou um adulto) que não possua
uma deficiência, muitas pessoas usam as expressões adolescente normal,
criança normal e adulto normal. Isto acontecia muito no passado, quando a
desinformação e o preconceito a respeito de pessoas com deficiência
eram de tamanha magnitude que a sociedade acreditava na normalidade das
pessoas sem deficiência. Esta crença fundamentava-se na ideia de que era
anormal a pessoa que tivesse uma deficiência. A normalidade, em relação
a pessoas, é um conceito questionável e ultrapassado. TERMO CORRETO:
adolescente (criança, adulto) sem deficiência ou, ainda, adolescente
(criança, adulto) não-deficiente.
2. aleijado; defeituoso; incapacitado; inválido
Estes
termos eram utilizados com frequência até a década de 80. A partir de
1981, por influência do Ano Internacional das Pessoas Deficientes,
começa-se a escrever e falar pela primeira vez a expressão pessoa
deficiente. O acréscimo da palavra pessoa, passando o vocábulo
deficiente para a função de adjetivo, foi uma grande novidade na época.
No início, houve reações de surpresa e espanto diante da palavra pessoa:
“Puxa, os deficientes são pessoas!?” Aos poucos, entrou em uso
a expressão pessoa portadora de deficiência, freqüentemente reduzida
para portadores de deficiência. Por volta da metade da década de 90,
entrou em uso a expressão pessoas com deficiência, que permanece até os
dias de hoje. Ver comentários ao item 47.
3.“apesar de deficiente, ele é um ótimo aluno”
Na frase acima há um preconceito embutido: ‘A pessoa com deficiência não pode ser um ótimo aluno’. FRASE CORRETA: “ele tem deficiência e é um ótimo aluno”.
4.“aquela criança não é inteligente”
Todas
as pessoas são inteligentes, segundo a Teoria das Inteligências
Múltiplas. Até o presente, foi comprovada a existência de oito tipos de
inteligência (lógico-matemática, verbal-linguística, interpessoal,
intrapessoal, musical, naturalista, corporal-cinestésica e
visual-espacial). FRASE CORRETA: “aquela criança é menos desenvolvida na inteligência [por ex.] lógico-matemática”.
5. cadeira de rodas elétrica
Trata-se de uma cadeira de rodas equipada com um motor. TERMO CORRETO: cadeira de rodas motorizada.
6. ceguinho
O
diminutivo ceguinho denota que o cego não é tido como uma pessoa
completa. A rigor, diferencia-se entre deficiência visual parcial (baixa
visão ou visão subnormal) e cegueira (quando a deficiência visual é
total). TERMOS CORRETOS: cego; pessoa cega; pessoa com deficiência
visual; deficiente visual.
7. classe normal
TERMOS
CORRETOS: classe comum; classe regular. No futuro, quando todas as
escolas se tornarem inclusivas, bastará o uso da palavra classe sem
adjetivá-la. Ver os itens 25 e 51.
8. criança excepcional
TERMO
CORRETO: criança com deficiência mental. Excepcionais foi o termo
utilizado nas décadas de 50, 60 e 70 para designar pessoas deficientes
mentais. Com o surgimento de estudos e práticas educacionais na área de
altas habilidades ou talentos extraordinários nas décadas de 80 e 90, o
termo excepcionais passou a referir-se a pessoas com inteligência
lógica-matemática abaixo da média (pessoas com deficiência mental) e a
pessoas com inteligências múltiplas acima da média (pessoas superdotadas
ou com altas habilidades e gênios).
9. defeituoso físico
Defeituoso,
aleijado e inválido são palavras muito antigas e eram utilizadas com
freqüência até o final da década de 70. O termo deficiente, quando usado
como substantivo (por ex., o deficiente físico), está caindo em desuso.
TERMO CORRETO: pessoa com deficiência física.
10. deficiências físicas (como nome genérico englobando todos os tipos de deficiência)
TERMO
CORRETO: deficiências (como nome genérico, sem especificar o tipo, mas
referindo-se a todos os tipos). Alguns profissionais não-pertencentes ao
campo da reabilitação acreditam que as deficiências físicas são
divididas em motoras, visuais, auditivas e mentais. Para eles,
deficientes físicos são todas as pessoas que têm deficiência de qualquer
tipo.
11. deficientes físicos (referindo-se a pessoas com qualquer tipo de deficiência)
TERMO CORRETO: pessoas com deficiência (sem especificar o tipo de deficiência). Ver comentário do item 10.
12. deficiência mental leve, moderada, severa, profunda
TERMO
CORRETO: deficiência mental (sem especificar nível de comprometimento).
A nova classificação da deficiência mental, baseada no conceito
publicado em 1992 pela Associação Americana de Deficiência Mental,
considera a deficiência mental não mais como um traço absoluto da pessoa
que a tem e sim como um atributo que interage com o seu meio ambiente
físico e humano, que por sua vez deve adaptar-se às necessidades
especiais dessa pessoa, provendo-lhe o apoio intermitente, limitado,
extensivo ou permanente de que ela necessita para funcionar em 10 áreas
de habilidades adaptativas: comunicação, autocuidado, habilidades
sociais, vida familiar, uso comunitário, autonomia, saúde e segurança,
funcionalidade acadêmica, lazer e trabalho.
13. deficiente mental (referindo-se à pessoa com transtorno mental)
TERMOS CORRETOS: pessoa com doença mental, pessoa com transtorno mental, paciente psiquiátrico.
14. doente mental (referindo-se à pessoa com déficit intelectual)
TERMOS
CORRETOS: pessoa com deficiência mental, pessoa deficiente mental. O
termo deficiente, quando usado como substantivo (por ex.: o deficiente
físico, o deficiente mental), tende a desaparecer, exceto em títulos de
matérias jornalísticas.
15. “ela é cega mas mora sozinha”
Na frase acima há um preconceito embutido: ‘Todo cego não é capaz de morar sozinho’. FRASE CORRETA: “ela é cega e mora sozinha”.
16. “ela é retardada mental mas é uma atleta excepcional”
Na
frase acima há um preconceito embutido: ‘Toda pessoa com deficiência
mental não tem capacidade para ser atleta’. FRASE CORRETA: “ela tem
deficiência mental e se destaca como atleta”.
17. “ela é surda [ou cega] mas não é retardada mental”
A
frase acima contém um preconceito: ‘Todo surdo ou cego tem retardo
mental’. Retardada mental, retardamento mental e retardo mental são
termos do passado. FRASE CORRETA: “ela é surda [ou cega] e não tem
deficiência mental”.
18. “ela foi vítima de paralisia infantil”.
A
poliomielite já ocorreu nesta pessoa (por ex., ‘ela teve pólio’).
Enquanto a pessoa estiver viva, ela tem sequela de poliomielite. A
palavra vítima provoca sentimento de piedade. FRASE CORRETA: “ela teve
[flexão no passado] paralisia infantil” e/ou “ela tem [flexão no
presente] sequela de paralisia infantil”.
19. “ela teve paralisia cerebral” (referindo-se a uma pessoa no presente)
A paralisa cerebral permanece com a pessoa por toda a vida. FRASE CORRETA: ela tem paralisia cerebral.
20. “ele atravessou a fronteira da normalidade quando sofreu um acidente de carro e ficou deficiente”
A
normalidade, em relação a pessoas, é um conceito questionável. A
palavra sofrer coloca a pessoa em situação de vítima e, por isso,
provoca sentimentos de piedade. FRASE CORRETA: “ele teve um acidente de
carro que o deixou com uma deficiência”.
21. “ela foi vítima da pólio”
A palavra vítima provoca sentimento de piedade. TERMOS CORRETOS: poliomielite; paralisia infantil e pólio. FC: ela teve pólio.
22. “ele é surdo-cego”
GRAFIA CORRETA: “ele é surdocego”. Também podemos dizer ou escrever: “ele tem surdocegueira” Ver o item 55.
23. “ele manca com bengala nas axilas”
FRASE
CORRETA: “ele anda com muletas axilares”. No contexto coloquial, é
correto o uso do termo muletante para se referir a uma pessoa que anda
apoiada em muletas.
24. “ela sofre de paraplegia” [ou de paralisia cerebral ou de seqüela de poliomielite]
A
palavra sofrer coloca a pessoa em situação de vítima e, por isso,
provoca sentimentos de piedade. FRASE CORRETA: “ela tem paraplegia” [ou
paralisia cerebral ou seqüela de poliomielite].
25. escola normal
No
futuro, quando todas as escolas se tornarem inclusivas, bastará o uso
da palavra escola sem adjetivá-la. TERMOS CORRETOS: escola comum; escola
regular. Ver o item 7 e 51.
26. “esta família carrega a cruz de ter um filho deficiente”
Nesta
frase há um estigma embutido: ‘Filho deficiente é um peso morto para a
família’. FRASE CORRETA: “esta família tem um filho com deficiência”.
27. “infelizmente, meu primeiro filho é deficiente; mas o segundo é normal”
A
normalidade, em relação a pessoas, é um conceito questionável,
ultrapassado. E a palavra infelizmente reflete o que a mãe pensa da
deficiência do primeiro filho: ‘uma coisa ruim’. FRASE CORRETA: “tenho
dois filhos: o primeiro tem deficiência e o segundo não tem”.
28. intérprete do LIBRAS
TERMO
CORRETO: intérprete da Libras (ou de Libras). Libras é sigla de Língua
de Sinais Brasileira. “Libras é um termo consagrado pela comunidade
surda brasileira, e com o qual ela se identifica. Ele é consagrado pela
tradição e é extremamente querido por ela. A manutenção deste termo
indica nosso profundo respeito para com as tradições deste povo a quem
desejamos ajudar e promover, tanto por razões humanitárias quanto de
consciência social e cidadania. Entretanto, no índice lingüístico
internacional os idiomas naturais de todos os povos do planeta recebem
uma sigla de três letras como, por exemplo, ASL (American Sign
Language). Então será necessário chegar a uma outra sigla. Tal
preocupação ainda não parece ter chegado na esfera do Brasil”, segundo
CAPOVILLA (comunicação pessoal).
29. inválido (referindo-se a uma pessoa)
A
palavra inválido significa sem valor. Assim eram consideradas as
pessoas com deficiência desde a Antiguidade até o final da Segunda
Guerra Mundial. TERMO CORRETO: pessoa com deficiência.
30. lepra; leproso; doente de lepra
TERMOS
CORRETOS: hanseníase; pessoa com hanseníase; doente de hanseníase.
Prefira o termo a pessoa com hanseníase ao o hanseniano. A lei federal
nº 9.010, de 29-3-95, proíbe a utilização do termo lepra e seus
derivados, na linguagem empregada nos documentos oficiais. Alguns dos
termos derivados e suas respectivas versões oficiais são: leprologia
(hansenologia), leprologista (hansenologista), leprosário ou leprocômio
(hospital de dermatologia), lepra lepromatosa (hanseníase virchoviana),
lepra tuberculóide (hanseníase tuberculóide), lepra dimorfa (hanseníase
dimorfa), lepromina (antígeno de Mitsuda), lepra indeterminada
(hanseníase indeterminada). A palavra hanseníase deve ser pronunciada
com o h mudo [como em haras, haste, harpa]. Mas, pronuncia-se o nome
Hansen (do médico e botânico norueguês Armauer Gerhard Hansen) com o h
aspirado.
31. LIBRAS - Linguagem Brasileira de Sinais
GRAFIA
CORRETA: Libras. TERMO CORRETO: Língua Brasileira de Sinais. Trata-se
de uma língua e não de uma linguagem. segundo CAPOVILLA [comunicação
pessoal], “Língua de Sinais Brasileira é preferível a Língua Brasileira
de Sinais por uma série imensa de razões. Uma das mais importantes é que
Língua de Sinais é uma unidade, que se refere a uma modalidade
linguística quiroarticulatória-visual e não oroarticulatória-auditiva.
Assim, há Língua de Sinais Brasileira. porque é a língua de sinais
desenvolvida e empregada pela comunidade surda brasileira. Não existe
uma Língua Brasileira, de sinais ou falada”.
32. língua dos sinais
TERMO
CORRETO: língua de sinais. Trata-se de uma língua viva e, por isso,
novos sinais sempre surgirão. A quantidade total de sinais não pode ser
definitiva.
33. linguagem de sinais
TERMO
CORRETO: língua de sinais. A comunicação sinalizada dos e com os surdos
constitui um língua e não uma linguagem. Já a comunicação por gestos,
envolvendo ou não pessoas surdas, constitui uma linguagem gestual. Uma
outra aplicação do conceito de linguagem se refere ao que as posturas e
atitudes humanas comunicam não-verbalmente, conhecido como a linguagem
corporal.
34. Louis Braile
GRAFIA CORRETA:
Louis Braille. O criador do sistema de escrita e impressão para cegos
foi o educador francês Louis Braille (1809-1852), que era cego.
35. mongolóide; mongol
TERMOS
CORRETOS: pessoa com síndrome de Down, criança com Down, uma criança
Down. As palavras mongol e mongolóide refletem o preconceito racial da
comunidade científica do século 19. Em 1959, os franceses descobriram
que a síndrome de Down era um acidente genético. O termo Down vem de
John Langdon Down, nome do médico inglês que identificou a síndrome em
1866. “A síndrome de Down é uma das anomalias cromossômicas mais
frequentes encontradas e, apesar disso, continua envolvida em ideias
errôneas... Um dos momentos mais importantes no processo de adaptação da
família que tem uma criança com síndrome de Down é aquele em que o
diagnóstico é comunicado aos pais, pois esse momento pode ter grande
influência em sua reação posterior.” (MUSTACCHI, 2000, p. 880).
36. mudinho
Quando
se refere ao surdo, a palavra mudo não corresponde à realidade dessa
pessoa. O diminutivo mudinho denota que o surdo não é tido como uma
pessoa completa. TERMOS CORRETOS: surdo; pessoa surda; deficiente
auditivo; pessoa com deficiência auditiva. Ver o item 56.
37. necessidades educativas especiais
TERMO
CORRETO: necessidades educacionais especiais. A palavra educativo
significa algo que educa. Ora, necessidades não educam; elas são
educacionais, ou seja, concernentes à educação (SASSAKI, 1999). O termo
necessidades educacionais especiais foi adotado pelo Conselho Nacional
de Educação (Resolução nº 2, de 11-9-01, com base no Parecer nº 17/2001,
homologado em 15-8-01).
38. o epilético
TERMOS CORRETOS: a pessoa com epilepsia, a pessoa que tem epilepsia. Evite fazer a pessoa inteira parecer deficiente.
39. o incapacitado
TERMO
CORRETO: a pessoa com deficiência. A palavra incapacitado é muito
antiga e era utilizada com frequência até a década de 80.
40. o paralisado cerebral
TERMO
CORRETO: a pessoa com paralisia cerebral. Prefira sempre destacar a
pessoa em vez de fazer a pessoa inteira parecer deficiente.
41. “paralisia cerebral é uma doença”
FRASE CORRETA: “paralisia cerebral é uma condição”. Muitas pessoas confundem doença com deficiência.
42. pessoa normal
TERMOS
CORRETOS: pessoa sem deficiência; pessoa não-deficiente. A normalidade,
em relação a pessoas, é um conceito questionável e ultrapassado.
43. pessoa presa (confinada, condenada) a uma cadeira de rodas
TERMOS
CORRETOS: pessoa em cadeira de rodas; pessoa que anda em cadeira de
rodas; pessoa que usa uma cadeira de rodas. Os termos presa, confinada e
condenada provocam sentimentos de piedade. No contexto coloquial, é
correto o uso dos termos cadeirante e chumbado.
44. pessoas ditas deficientes
TERMO
CORRETO: pessoas com deficiência. A palavra ditas, neste caso, funciona
como eufemismo para negar ou suavizar a deficiência, o que é
preconceituoso.
45. pessoas ditas normais
TERMOS
CORRETOS: pessoas sem deficiência; pessoas não-deficientes. Neste caso,
o termo ditas é utilizado para contestar a normalidade das pessoas, o
que se torna redundante nos dias de hoje.
46. pessoa surda-muda
GRAFIA
CORRETA: pessoa surda ou, dependendo do caso, pessoa com deficiência
auditiva. Quando se refere ao surdo, a palavra mudo não corresponde à
realidade dessa pessoa. A rigor, diferencia-se entre deficiência
auditiva parcial (quando há resíduo auditivo) e surdez (quando a
deficiência auditiva é total). Ver item 57.
47. portador de deficiência
TERMO
CORRETO: pessoa com deficiência. No Brasil, tornou-se bastante popular,
acentuadamente entre 1986 e 1996, o uso do termo portador de
deficiência (e suas flexões no feminino e no plural). Pessoas com
deficiência vêm ponderando que elas não portam deficiência; que a
deficiência que elas têm não é como coisas que às vezes portamos e às
vezes não portamos (por exemplo, um documento de identidade, um
guarda-chuva). O termo preferido passou a ser pessoa com deficiência.
Ver comentários aos itens 2 e 48.
48. PPD’s
GRAFIA
CORRETA: PPDs. Não se usa apóstrofo para designar o plural de siglas. A
mesma regra vale para siglas como ONGs (e não ONG’s). No Brasil,
tornou-se bastante popular, acentuadamente entre 1986 e 1996, o uso do
termo pessoas portadoras de deficiência. Hoje, o termo preferido passou a
ser pessoas com deficiência, motivando o desuso da sigla PPDs. Ver o
item 47.
49. quadriplegia; quadriparesia
TERMOS
CORRETOS: tetraplegia; tetraparesia. No Brasil, o elemento morfológico
tetra tornou-se mais utilizado que o quadri. Ao se referir à pessoa,
prefira o termo pessoa com tetraplegia (ou tetraparesia) no lugar de o
tetraplégico ou o tetraparético.
50. retardo mental, retardamento mental
TERMO
CORRETO: deficiência mental. São pejorativos os termos retardado
mental, pessoa com retardo mental, portador de retardamento mental etc.
Ver comentários ao item 12.
51. sala de aula normal
TERMO
CORRETO: sala de aula comum. Quando todas as escolas forem inclusivas,
bastará o termo sala de aula sem adjetivá-lo. Ver os itens 7 e 25.
52. sistema inventado por Braile
GRAFIA
CORRETA: sistema inventado por Braille. O nome Braille (de Louis
Braille, inventor do sistema de escrita e impressão para cegos) se
escreve com dois l (éles). Braille nasceu em 1809 e morreu aos 43 anos
de idade.
53. sistema Braille
GRAFIA CORRRETA:
sistema braile. Conforme MARTINS (1990), grafa-se Braille somente
quando se referir ao educador Louis Braille. Por ex.: ‘A casa onde
Braille passou a infância (...)’. Nos demais casos, devemos grafar: [a]
braile (máquina braile, relógio braile, dispositivo eletrônico braile,
sistema braile, biblioteca braile etc.) ou [b] em braile (escrita em
braile, cardápio em braile, placa metálica em braile, livro em braile,
jornal em braile, texto em braile etc.). Ver o item 58.
54. “sofreu um acidente e ficou incapacitado”
FRASE
CORRETA: “teve um acidente e ficou deficiente”. A palavra sofrer coloca
a pessoa em situação de vítima e, por isso, provoca sentimentos de
piedade.
55. surdez-cegueira
GRAFIA CORRETA: surdocegueira. É um dos tipos de deficiência múltipla. Ver o item 22.
56. surdinho
TERMOS
CORRETOS: surdo; pessoa surda; pessoa com deficiência auditiva. O
diminutivo surdinho denota que o surdo não é tido como uma pessoa
completa. Os próprios cegos gostam de ser chamados cegos e os surdos de
surdos, embora eles não descartem os termos pessoas cegas e pessoas
surdas. Ver o item 36.
57. surdo-mudo
GRAFIAS
CORRETAS: surdo; pessoa surda; pessoa com deficiência auditiva. Quando
se refere ao surdo, a palavra mudo não corresponde à realidade dessa
pessoa. A rigor, diferencia-se entre deficiência auditiva parcial
(quando há resíduo auditivo) e surdez (quando a deficiência auditiva é
total). Evite usar a expressão o deficiente auditivo. Ver o item 46.
58. texto (ou escrita, livro, jornal, cardápio, placa metálica) em Braille
TERMOS
CORRETOS: texto em braile; escrita em braile; livro em braile; jornal
em braile; cardápio em braile; placa metálica em braile. Ver comentários
ao item 53.
59. visão sub-normal
GRAFIA
CORRETA: visão subnormal. TERMO CORRETO: baixa visão. É preferível baixa
visão a visão subnormal. A rigor, diferencia-se entre deficiência
visual parcial (baixa visão) e cegueira (quando a deficiência visual é
total).
Autor do Artigo
Romeu Kazumi Sassaki In: VIVARTA, Veet (coord.). Mídia e deficiência. Brasília: Andi/Fundação Banco do Brasil, 2003, p. 160-165.
*
Consultor de inclusão social. Autor do livro Inclusão: Construindo uma
Sociedade para Todos (3.ed., Rio de Janeiro: Editora WVA ,1999) e do
livro Inclusão no Lazer e Turismo: Em Busca da Qualidade de Vida (São
Paulo: Áurea, 2003). Co-autor do livro Trabalho e Deficiência Mental:
Perspectivas Atuais (Brasília: Apae-DF, 2003) e do livro Inclusão dá
Trabalho (Belo Horizonte: Armazém de Idéias, 2000).
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