RYBENINHA

RYBENINHA
SINAL: BEM -VINDOS

DÊ-ME TUA MÃO QUE TE DIREI QUEM ÉS



“Em minha silenciosa escuridão,
Mais claro que o ofuscante sol,
Está tudo que desejarias ocultar de mim.
Mais que palavras,
Tuas mãos me contam tudo que recusavas dizer.
Frementes de ansiedade ou trêmulas de fúria,
Verdadeira amizade ou mentira,
Tudo se revela ao toque de uma mão:
Quem é estranho,
Quem é amigo...
Tudo vejo em minha silenciosa escuridão.
Dê-me tua mão que te direi quem és."


Natacha (vide documentário Borboletas de Zagorski)


SINAL DE "Libras"

SINAL DE "Libras"
"VOCÊ PRECISA SER PARTICIPANTE DESTE MUNDO ONDE MÃOS FALAM E OLHOS ESCUTAM, ONDE O CORPO DÁ A NOTA E O RÍTMO. É UM MUNDO ESPECIAL PARA PESSOAS ESPECIAIS..."

LIBRAS

LIBRAS

LIBRAS

LIBRAS
"Se o lugar não está pronto para receber todas as pessoas, então o lugar é deficiente" - Thaís Frota

LIBRAS

LIBRAS
Aprender Libras é respirar a vida por outros ângulos, na voz do silêncio, no turbilhão das águas, no brilho do olhar. Aprender Libras é aprender a falar de longe ou tão de perto que apenas o toque resolve todas as aflições do viver, diante de todos os desafios audíveis. Nem tão poético, nem tão fulgaz.... apenas um Ser livre de preconceitos e voluntário da harmonia do bem viver.” Luiz Albérico B. Falcão

QUANDO EU ACEITO A LÍNGUA DE SINAIS

QUANDO EU ACEITO A LÍNGUA DE SINAIS
“ A língua de sinais anula a deficiência e permite que os sujeitos surdos constituam, então, uma comunidade linguística minoritária diferente e não um desvio da normalidade”. Skliar

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

“LIBRAS É língua”


“LIBRAS É língua”

“A sociedade surda possui sua própria identidade, história e cultura, e o reconhecimento disso é parte fundamental para a integração e justiça social dos surdos e ouvintes. (GESSER)”
Na década de 1960, foi conferido à língua brasileira de sinais o status lingüístico. Diferentemente do que se imagina a língua de sinais não é universal, pois varia dependendo da comunidade, território, país… Podemos dizer que “o que é universal é o impulso dos indivíduos para a comunicação e, no caso dos surdos, esse impulso é sinalizado.”
libras
A língua de sinais dos surdos é natural, pois evolui como parte de um grupo cultural do povo surdo. Possui gramática onde, por exemplo, a orientação e a configuração da mão podem mudar o significado do sinal, assim como apenas uma letra pode diferenciar significativamente uma palavra nas línguas orais.
As mãos não são o único veículo usado nas línguas de sinais para produzir informação lingüística. Os surdos fazem o uso extensivo de marcadores não manuais como, por exemplo, as expressões faciais que se tornam importantes elementos gramaticais compondo a estrutura da língua.
As línguas orais e as línguas de sinais são similares em seu nível estrutural, ou seja, são formadas a partir de unidades simples que, combinadas formam unidades mais complexas. Diferem quanto à forma como as combinações das unidades são construídas. Enquanto as línguas de sinais, geralmente, incorporam as unidades simultaneamente, as línguas orais tendem a organizá-las seqüencialmente e linearmente. Essa diferença se dá devido ao canal de comunicação em que cada língua se estrutura.
Constantemente atribui-se um status menor, inferior e teatral a língua de sinais, quando definido e comparado a mímica. Diferentemente das mímicas, que tentam representar um objeto tal como ele existe na realidade, a língua de sinais mostra o símbolo convencionado de um objeto. Sendo assim, mímica e sinais, se diferenciam drasticamente.
A língua de sinais tem todas as características de qualquer língua humana natural. É necessário que nós, indivíduos de uma cultura de língua oral, entendamos que o canal comunicativo diferente (visual-gestual) que o surdo usa para se comunicar não anula a existência de uma língua tão natural, complexa e genuína como é a língua de sinais (GESSER, 2009, p. 21-22).
Perpetua-se a idéia de que os surdos não têm língua, não podem possuir fala inteligível e de que não tem cordas vocais, sendo que, os surdos são fisicamente e psicologicamente normais.
É correto afirmar que através da língua de sinais se consegue expressar idéias ou conceitos abstratos, sentimentos, emoções ou quaisquer idéias. Da mesma forma que os falantes de línguas orais, os falantes de línguas de sinais conseguem discutir filosofia, política, literatura, assuntos cotidianos etc. nessa língua, além de transitar por diversos gêneros discursivos, criar poesias, fazer apresentações acadêmicas, peças teatrais, contar e inventar histórias e piadas.
“Os sinais podem ser agressivos, diplomáticos, poéticos, filosóficos, matemáticos: tudo pode ser expresso por meio de sinais, sem perda nenhuma de conteúdo (Emmanuelle Laborrit, O vôo da Gaivota)”
Há uma tendência em pensar que a língua de sinais é uma língua exclusivamente icônica, e essa visão relaciona-se com o fato de a língua de sinais ser uma língua de modalidade espaciovisual. Embora exista um grau elevado de sinais icônicos, é importante destacar que essa característica não é exclusiva das línguas de sinais. As línguas orais incorporam também essa característica.
Os surdos foram privados de se comunicarem em sua língua natural durante séculos. Diferentes autores em vários estudos tem apontado a difícil relação dos surdos com a língua oral majoritária e com a sociedade ouvinte. Historicamente há muitas referencia de luta da comunidade surda, pois os surdos não tinham seus direitos respeitados e lutaram muito para poder comunicar-se através da sua linguagem.
O alfabeto manual, utilizado para soletrar manualmente as palavras, é apenas um recurso utilizados por falantes da língua de sinais o que não caracteriza a língua. No Brasil, o alfabeto é composto por 27 formatos.
A língua de sinais tem estrutura própria, é autônoma e independe de qualquer língua oral em sua concepção lingüística. Cada língua de sinais tem suas influencias e raízes históricas a partir de línguas de sinais especificas. Há poucos documentos registrados por surdos, e sobre os surdos, que possam fornecer informações sobre a origem e o desenvolvimento das línguas de sinais entre surdos. Porém é importante dizer que a coabitação da maioria das línguas de sinais com as línguas orais faz com que empréstimos, alternâncias e trocas lingüísticas aconteçam, inevitavelmente.
Existe uma discussão a respeito dos conceitos de surdez e de como as pessoas com essa característica gostam de ser chamadas. Aparentemente, pensava-se que o termo “deficiente auditivo” seria o melhor, até perceber-se que estes preferiam ser chamados diretamente de “surdos”, o que corresponderia melhor à realidade. Da mesma forma, o termo “surdo-mudo” é um equívoco produzido pelo paradigma médico, à medida que os surdos possuem capacidade oratória e podem falar, se treinados para tal.
Uma importante atenção deve ser dirigida aos intérpretes dos surdos, que muitas vezes, surgem por conveniência, necessidade, ou urgência. A lei 10.436 regulamenta a presença de intérpretes para surdos em espaços institucionais. Contudo, o intérprete não pode ser visto como “a voz do surdo”, pois este possui autonomia.
O mundo dos surdos não é um mundo de silêncio absoluto. Entretanto, o silêncio é relativo. Eles escutam com os olhos, sendo que, quando estão em um ambiente onde muitas pessoas estão fazendo sinais ao mesmo tempo, ou mesmo falando e fazendo expressões, sentem que estão em um ambiente barulhento. Isso pode ser chamado de “ruído visual”. Além disso, é preciso entender que a língua de sinais é uma forma de falar (mas que não necessita emitir som). O mesmo acontece com a música e a dança: é possível senti-las e apreciá-las através da observação de movimentação, da vibração, do contato corporal, etc.
A escrita, por sua vez, demanda um desafio para o surdo, visto que ele não está familiarizado com essa realidade fônica. Porém, com boas oportunidades e qualidade de ensino adequadas, os surdos tem plena capacidade de aprender a língua escrita. Assim como, de maneira alguma o aprendizado da língua de sinais dificulta o aprendizado da língua oral. Pelo contrário: facilita. O desenvolvimento cognitivo e lingüístico do indivíduo também não é prejudicado se ele possuir acesso e uso à língua de sinais nos ambientes em que vive.
O surdo não precisa falar para estar inserido no mundo dos ouvintes. A oralização pode trazer uma série de preconceitos contra os surdos, e tal preconceito está impregnado na história da sociedade surda. Por esse motivo existe do outro lado, também, um preconceito de alguns surdos em relação à língua oral. O surdo pode conviver tranquilamente com ouvintes. Porém, para que possa sobreviver, é necessário que ele possua a língua de sinais. Ademais, não são todos os surdos que sabem fazer leitura labial, sendo essa uma afirmação errônea.
É importante entender que a surdez não se constitui como um problema ou deficiência para o surdo. Pois de maneira geral, ele a encara de maneira natural, assim como os ouvintes encaram sua audição de maneira natural. Não deveria ser vista como uma deficiência, apenas como alteridade, diferença, diversidade, pois o surdo não tem nada a menos que o ouvinte.
Quanto aos aspectos fisiológicos, existem diferentes tipos e graus de surdez. As escolhas em relação ao uso da língua de sinais ou da aprendizagem da língua oral, variam de indivíduo para indivíduo, não existe regra para definir que todo tipo de perda auditiva é considerada surdez. Os aparelhos auditivos não devolvem a audição, apenas amplificam sons que já são ouvidos em menor volume, e nos casos de alguns surdos profundos, os ruídos produzidos por estes aparelhos pode ser um grande incômodo. Algumas intervenções cirúrgicas tem sido experienciadas, mas o sucesso e satisfação varia muito conforme a situação e características do sujeito envolvido, sendo que normalmente o processo não é tão satisfatório quanto os ouvintes afirmam ser.
Levando em conta tudo que já aconteceu e está acontecendo com a cultura surda, suas conquistas e avanços, é possível afirmar que estamos passando por um momento singular. Apesar disso, ainda é necessário lutar contra a hipocrisia e desigualdade que mascaradamente permuta o meio político e social da sociedade ouvinte em relação aos surdos. As dificuldades que ainda existem certamente não serão facilmente transpostas, mas os esforços históricos e recentes tem mostrado que podemos ser otimistas e acreditar que é possível construir uma sociedade mais justa, igualitária, e que respeite as diversidades.
Resumo do livro:
GESSER, Audrei. Libras que língua é essa: crenças e preconceitos em torno da língua de sinais e da realidade surda. São Paulo: Parábola Editorial, 2009. 87p.


 http://psidaianagallas.wordpress.com/2013/01/17/libras-e-lingua/

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