Segundo o Wikipedia, “Bullying é um termo inglês utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo (bully – «tiranete» ou «valentão») ou grupo de indivíduos com o objetivo de intimidar ou agredir outro indivíduo (ou grupo de indivíduos) incapaz(es) de se defender. Também existem as vítimas/agressoras, ou autores/alvos, que em determinados momentos cometem agressões, porém também são vítimas de bullying pela turma.”
No meu tempo de colégio, o máximo que sofri foram comentários maldosinhos, sempre feito por colegas meninas, nunca pelos meninos. É claro que naquele tempo eu escutava muito melhor do que escuto hoje. Só fui começar a usar aparelhos auditivos no último ano do ensino médio. O que mais me travava era ouvir os comentários horrorosos que faziam a respeito de uma amiga minha, surda desde bebê – e que não usava aparelhos pois, no caso dela, eles não ajudavam. O mais light era ‘lá vem a surdinha’. Eu xingava muito os babacas que diziam isso dela mas, apesar dos meus esforços, eles não se calavam. Na minha cabeça o pensamento recorrente era ‘se eu aparecer de aparelho auditivo nesse colégio, acabou a minha paz!’. Hoje, vejo que era exagero meu mas, na época, isso me atormentava. Tanto pelo que faziam com ela quanto pelo que poderiam vir a fazer comigo.
Surdos que são vítimas de bullying verbal não podem se defender porque sequer sabem do ataque direto. Percebem mais pela expressão diabólica do agressor e pelas risadas daqueles que estiverem por perto. Quando lembro dos comentários maldosos que me faziam vejo que não eram nada se comparados ao que as crianças de hoje fazem. O máximo que ouvi foi ‘você deve ser surda, tô te chamando há horas e você nem me olha na cara!”, ‘professora, se a senhora quiser dizer que alguém é surdo, pode dizer que é igual à Paula’ e similares. Nada grave. Só que eu era muito novinha e a palavra SURDA ainda me soava como uma super afronta. Pode parecer bobagem, mas aquilo me marcou pra sempre. Fiquei longos anos tendo pavor e ataques de coceira cada vez que ouvia a palavra SURDA. Para mim, era a pior do mundo. Hoje, dou risada do tempo que perdi com essas bobagens…
Adulta, os comentários mudaram. E são SEMPRE feitos por mulheres. Não entendo e nem quero entender isso, mas estaria mentindo se dissesse que algum homem já me falou algo pejorativo relacionado à minha surdez. Isso, jamais! As mulheres, porém, dão um jeitinho. O mais comum é o clássico ‘ela é tão (coloque qualquer adjetivo aqui, como inteligente/bonita/querida e derivados) mas é…surda!’ ou então o básico ‘está se fazendo de surda para passar bem!”. No primeiro caso, o comentário não é direcionado a mim, mas a uma terceira pessoa que esteja por perto – a intenção é me diminuir como pessoa. Já me vi também em várias situações nas quais eu estava ganhando mais atenção de alguém que não sabia da minha deficiência auditiva e de repente alguma mulher insatisfeita com isso abre a boca e diz ‘você sabia que ela não escuta direito??’. Chatinho, não?? Digo e repito mil vezes se necessário: surdez não é defeito de caráter. Se as pessoas usam-a para tentar lhe diminuir como ser humano, agradeça aos céus: isso significa que foi a única coisa que acharam de ruim em você!
Acho que bullying direcionado a crianças é muito perigoso e deve ser levado a sério. Adultos sabem e podem se defender. Crianças não, e além disso estão na fase crucial do desenvolvimento de sua auto-estima. A cada ataque, a criança vai ficando mais retraída, mais introvertida e assustada. E carrega isso para sempre. Ou pode acontecer o contrário e a criança atacada vir a se tornar agressiva. Em ambos os casos, acho que os pais têm todo o direiro (e o dever!) de tomar providências. As criancinhas em fase escolar podem ser bem cruéis – me pergunto se aprendem a ser assim em casa ou se faz parte de suas personalidades mesmo…
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