Como  representante mais importante do que se conhece como abordagem gestualista está  o método francês de educação de surdos. O abade Charles M. De L Epée foi o  primeiro a estudar uma língua de sinais usada por surdos, com atenção para suas  características linguísticas. O abade, a partir da observação de grupos de  surdos, verifica que estes desenvolviam um tipo de comunicação apoiada no canal  viso-gestual, que era muito satisfatória. Partindo dessa linguagem gestual, ele  desenvolveu um método educacional, apoiado na linguagem de sinais da comunidade  de surdos, acrescentando a esta sinais que tornavam sua estrutura mais próxima à  do francês e denominou esse sistema de sinais metódicos. A proposta educativa  defendia que os educadores deveriam aprender tais sinais para se comunicar com  os surdos; eles aprendiam com os surdos e, através dessa forma de comunicação,  ensinavam a língua falada e escrita do grupo socialmente  majoritário.
Diferentemente de seus contemporâneos, De L Epée não teve  problemas para romper com a tradição das práticas secretas e não se limitou a  trabalhar individualmente com poucos surdos. Em 1775, fundou uma escola, a  primeira em seu gênero, com aulas coletivas, onde professores e alunos usavam os  chamados sinais metódicos. Divulgava seus trabalhos em reuniões periódicas e  propunha-se a discutir seus resultados. Em 1776, publicou um livro no qual  divulgava suas técnicas. Seus alunos manejavam bem a escrita, e muitos deles  ocuparam mais tarde o lugar de professores de outros surdos. Nesse período,  alguns surdos puderam destacar-se e ocupar posições importantes na sociedade de  seu tempo. O abade mostrava-se orgulhoso de que seus discípulos não só liam e  escreviam em francês, mas que podiam refletir e discutir sobre os conceitos que  expressavam, embora houvesse avaliações contrárias que indicavam haver profundas  restrições nesse suposto êxito. Existem vários livros datados dessa época,  escritos por surdos, que abordam suas dificuldades de expressão e os problemas  ocasionados pela surdez (Lane e Fischer 1993).
Para De L Epée, a linguagem de sinais é concebida como a língua  natural dos surdos e como veículo adequado para desenvolver o pensamento e sua  comunicação. Para ele, o domínio de uma língua, oral ou gestual, é concebido  como um instrumento para o sucesso de seus objetivos e não como um fim em si  mesmo. Ele tinha clara a diferença entre linguagem e fala e a necessidade de um  desenvolvimento pleno de linguagem para o desenvolvimento normal dos  sujeitos.
Fonte: http://paulohenriquelibras.blogspot.com/2012/01/lepee-300-anos-educacao-de-surdos.html?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+PauloHenriqueLibras+%28Paulo+Henrique+LIBRAS%29


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