Cláudio Ramalho
relata que fez pedido em fevereiro à prefeitura, mas ainda não recebeu
resposta.
Em
meios aos desafios que a pandemia da Covid-19 trouxe à educação, o
distanciamento aliado a falta de acessibilidade ampliaram a sensação de
exclusão enfrentada por Cláudio Ramalho, 51 anos, professor surdo da rede
municipal de Paulínia (SP).
Servidor
público desde 2006, o profissional de educação física reclama que as
dificuldades foram ampliadas durante a quarentena e que chegou, em fevereiro
deste ano, a formalizar um pedido por intérprete de Libras (Língua Brasileira
de Sinais) nas reuniões virtuais de trabalho, solicitação ainda sem resposta.
Os
problemas são menores que os enfrentados na infância, quando Cláudio ficou
surdo como sequela de uma meningite. Ele lembra que o termo
"inclusão" praticamente não existia quando era estudante, mas que a
realidade, apesar de diferente nos dias atuais, ainda está longe do ideal.
“Existe
a inclusão mas, na prática, principalmente no poder público, ela não é
executada", diz.
Além
da falta de um intérprete de Libras, necessária para sua comunicação e
desenvolvimento na rotina do trabalho, outras dificuldades do trabalho remoto,
como distanciamento dos colegas e alunos e problemas de conexão se
transformaram em desafio extra para Cláudio.
"Eu
sei dos meu deveres e eu os cumpro, mas eu preciso também lutar pelos meus direitos",
explica Cláudio.
Durante
as reuniões com os colegas e até mesmo em cursos promovidos pela prefeitura
para auxiliar na capacitação dos professores, a falta de um intérprete de
Libras é uma barreira. Cláudio participa das atividades, mas por muitas não
consegue entender o assunto que está sendo tratado.
Direito previsto em lei
O
advogado Gustavo Bovi explica que é direito dos trabalhadores com deficiência
ter acesso a um ambiente acessível em suas profissões.
Segundo
Bovi, é dever da prefeitura de Paulínia entender e resolver as dificuldades
enfrentadas por Cláudio. "Ele é servidor público, então a qualidade do
serviço que ele oferece acaba sendo prejudicada", explica.
Em
nota, a prefeitura de Paulínia afirma que busca atender a todos os estudantes e
professores com deficiência. A administração defende trabalhar para inclusão na
cidade através de medidas como o departamento de Educação Especial e o Centro
de Aperfeiçoamento dos Profissionais de Educação.
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