A Federação Brasileira das Associações dos Profissionais Tradutores e Intérpretes e Guia-Intérpretes de Língua de Sinais – Febrapils é uma entidade profissional autônoma, sem fins lucrativos ou econômicos, que atua sob três grandes eixos: a formação inicial e continuada dos TILS; a profissionalização para refletir sobre a atuação dos TILS à luz do código de conduta e ética; e o engajamento político dos TILS para construir uma consciência coletiva.
Neste contexto, e diante do exposto na matéria intitulada “As libras do ódio” (sic), publicada na revista “Isto É” no dia 21 de maio de 2021. E em observância do “Código de Conduta e Ética” que rege a atuação profissional de Tradutores e Intérpretes de Libras (TILS) e Guia-intérpretes (GI), do qual destacamos os seguintes trechos:
Art. 4º – O TILS e o GI devem prover os serviços sem distinção de raça, cor, etnia, gênero, religião, idade, deficiência, orientação sexual ou qualquer outra condição.
Art. 9º – O TILS e o GI devem buscar a equivalência de sentido no ato de tradução e/ou interpretação e/ou guia-interpretação.
Art. 10 – É de responsabilidade do TILS e do GI:
IV. Utilizar todos os conhecimentos linguísticos, técnicos, científicos, ou outros a seu alcance, para o melhor desempenho de sua função;
V. Solidarizar-se com as iniciativas em favor dos interesses de sua categoria, ainda que não lhe tragam benefício direto.
A Febrapils considera oportuno o esclarecimento à sociedade brasileira, de forma pontual e objetiva, dos tópicos que tangenciam a Língua Brasileira de Sinais – Libras, e a atuação profissional intérprete desta língua. Desta forma, esclarecemos que:
- A Libras é uma língua reconhecida legalmente como meio de comunicação e expressão da comunidade surda brasileira pela Lei 10.436/2002, e que se constitui como um sistema linguístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria.
- Sendo uma língua de modalidade visual-motora, a Libras traz como parte fundamental de sua gramática, a exploração da visualidade, que se materializa através de expressões faciais e corporais dos seus usuários – tais expressões não possuem somente caráter afetivo, mas também, podem funcionar como marcadores gramaticais.
- O que o texto se refere como “encenação”, na verdade, são estruturas nativas das línguas de sinais conhecidas como “classificadores” ou “descritores imagéticos”, que podem incorporar ações e/ou produzir descrições através de configurações de mão, movimento e expressões faciais/corporais específicos.
- De modo geral, o trabalho de intérpretes consiste justamente em reproduzir, em uma outra língua, a fala/discurso de alguém. Isto inclui a reprodução do vocabulário, termos, jargões, ritmo, entonação, e nível de formalidade presentes na fala/discurso produzido pelo orador.
- Os profissionais citados pela matéria, no cumprimento de suas funções, nada mais fazem que reproduzir, em Língua Brasileira de Sinais corrente, a fala do orador a ser interpretado, de modo que, mesmo que haja/houvesse o uso de “baixo calão”, “impropérios”, ou “obscenidades”, não se configura como responsabilidade dos intérpretes o conteúdo reproduzido em Libras, sendo do orador a total responsabilidade pelo conteúdo de sua própria fala.
Em tempo, a Febrapils, em gozo de sua total autonomia e apartidariedade, reitera seu compromisso com a ética, respeito, e a valorização da categoria de Tradutores e Intérpretes e Guia-Intérpretes de Língua de Sinais no Brasil.
FONTE: https://blog.febrapils.org.br/nota-de-esclarecimento-revista-isto-e-materia-as-libras-do-odio/?fbclid=IwAR1YSydhLVYyLsTBvUt9pPUsHPDDuMWQHIlJ5_stQZgbw4T1qXg4CKJEhwE
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