Piauí – De fevereiro a maio, 209 atendimentos foram realizados. Mais de 20 aparelhos já foram entregues.
O simples som que uma pessoa faz ao folhear um jornal ou o toque da
campainha na casa do vizinho pode ser pouco notado por alguém com a
saúde auditiva normal e que ouve desde que nasceu. Mas para uma criança
que escuta esses sons pela primeira vez pode ser um momento difícil. Ao
mesmo tempo, é um momento de descobertas.
“Meu coração está a mil”, declara a dona de casa Lucilene Medeiros ao
presenciar seu filho ouvindo pela primeira vez. O pequeno José Arthur,
de cinco anos de idade, nasceu com deficiência auditiva profunda.
Lucilene explica a sua história: “A mãe nunca quer aceitar que a criança
possui alguma deficiência. Quando eu o chamo, ele não atende. Então
isso me fez procurar ajuda médica para saber o porquê. Foi quando o
diagnóstico comprovou a surdez profunda”, conta.
José Arthur não fez o teste da orelhinha ao nascer. O simples teste,
feito no tempo correto, três dias após o nascimento, poderia ter evitado
o desconforto de ouvir determinados sons pela primeira vez, já aos
cinco anos, como o trincado de uma porta e até os seus próprios passos.
A aposentada Maria dos Remédios, de 83 anos, não conhecia esse novo serviço do Ceir.( Foto: Ascom Ceir)
“Geralmente, o adulto e o idoso chegam aqui ansiosos para ouvir. Já
uma criança como o José, que nunca ouviu, não possui esse interesse
despertado nela. Ele não está acostumado a ouvir os sons. Daí a
importância da reabilitação auditiva”, pondera a fonoaudióloga do Centro
Integrado de Reabilitação (Ceir), Marielle Cardoso.
O pequeno José Arthur e sua mãe, Lucilene Medeiros, são de José de
Freitas e foram encaminhados ao Ceir pela Central do SUS do município
para integrar o Programa de Promoção e Prevenção da Saúde Auditiva, do
Governo Federal.
O Ceir participa do Programa devido à qualificação do Ministério da
Saúde como Centro Especializado em Reabilitação (CER) III. Dessa forma, o
Ceir está habilitado para a reabilitação de pessoas com deficiências
físico-motoras, intelectuais e auditivas.
A aposentada Maria dos Remédios, de 83 anos, não conhecia esse novo
serviço do Ceir. “Uso aparelho auditivo há 12 anos. Precisando trocá-lo,
eu iria comprar um novo aparelho. Foi quando a otorrino que me
acompanha avisou que no Ceir eu poderia adquiri-lo via SUS e, ainda,
realizar reabilitação auditiva”, comenta.
Reabilitação auditiva do Ceir
Com uma equipe multidisciplinar especializada, composta por
otorrinoralingologista, fonoaudiólogas, assistente social e psicóloga, a
reabilitação auditiva do Ceir, que compõe o Programa de Promoção e
Prevenção da Saúde Auditiva, do Governo Federal, tem como objetivo
atender a pessoa com deficiência auditiva que depende de qualificação de
processos e avaliação diagnóstica, tratamento clínico, seleção,
adaptação e fornecimento de aparelhos de amplificação sonora individual,
assim como acompanhamentos e terapias fonoaudiológicas.
Para realizar o tratamento, detectada alguma dificuldade auditiva, a
pessoa deve procurar o médico do programa de saúde da família e
solicitar uma avaliação auditiva no Ceir. Após passar pela
otorrinoralingologista e realizar os exames com a fonoaudiologia, se
houver a necessidade do uso de um aparelho auditivo, o paciente terá seu
aparelho confeccionado sob medida e receberá orientações para
manuseá-lo.
“O paciente leva um tempo para se adaptar ao uso do aparelho. Por
isso, o Programa garante quatro sessões para pessoas adultas e oito
sessões para crianças para que recebam as orientações de uso do
aparelho. Esse é o processo que chamamos de adaptação”, pontua a
fonoaudióloga do Ceir, Marielle Cardoso.
Segundo Marielle, um questionário é aplicado junto ao paciente para
monitorar o uso do aparelho, assim como identificar as suas queixas. “O
nosso trabalho é fazer com que o paciente tenha qualidade de vida com o
uso do aparelho. Que ele se adapte a reconhecer os sons que, em alguns
casos, são totalmente novos para ele”, acrescenta.
Marielle ainda ressalta que, caso as sessões estipuladas pelo
Programa não sejam suficientes para que o paciente se adapte ao uso do
aparelho auditivo, novas sessões são solicitadas ao SUS.
O Ceir iniciou os atendimentos – que consistem em consultas, exames,
terapias e entregas de próteses auditivas – da Reabilitação Auditiva em
fevereiro deste ano. De fevereiro a maio, 209 atendimentos foram
realizados (segundo estatísticas da instituição). Mais de 20 aparelhos
já foram entregues.
http://www.surdosol.com.br/ceir-distribui-aparelhos-auditivos-por-meio-do-sus/
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