Da sala de aula para o corpo de funcionários da instituição onde há apenas meses atrás ocupava a posição de estudante. Pode não parecer o mais habitual dos caminhos, mas tem sido a trajetória trilhada por Mariany Santos.
A jovem de 21 anos, que é surda, cursou o Técnico em Administração do Senac em Divinópolis e hoje trabalha na área administrativa da unidade. A vontade de fazer diferente e mostrar que é capaz são características que se mantém, independentemente da posição.
Superando obstáculos
Mariany ingressou no curso técnico em 2020 e logo teve que enfrentar um dos maiores desafios no aprendizado: as aulas remotas. A jovem conta que teve dificuldades em ter os conteúdos pela tela:
“Sempre demonstrei muita vontade durante o curso, gostava das aulas e motivava meus colegas a sempre se aplicarem mais, mas nas aulas remotas enfrentei obstáculos que não eram tão presentes antes do surto de Coronavírus. O computador travava, a internet falhava e estava difícil acompanhar o que os docentes estavam explicando. A solução veio quando o Senac em Divinópolis antecipou a ida presencial dos alunos que fossem pessoas com deficiência (PCD) à unidade para ter as aulas”.
O retorno antecipado ocorreu obedecendo a todos os critérios de segurança para evitar o contágio da Covid-19. Dessa forma, Mariany voltou a ter um contato ainda mais próximo com os professores e com intérpretes de libras, que facilitaram o processo de aprendizado.
Inclusão
Segundo o IBGE 5%, da população brasileira é surda ou possui perda auditiva, o que representa 10 milhões de pessoas, uma significativa parcela da população. Para Michelle Meneghin Nascimento, Analista de Educação Inclusiva e Tecnologias Inclusivas do Senac, a inclusão da pessoa surda é uma necessidade cada vez mais difundida: “A inclusão na sociedade ainda é um desafio, mas acredito que todos os avanços sociais, especialmente os respaldados pelos normativos legais trazem uma sensibilização para a causa da Pessoa Surda. O Senac faz com que a inclusão esteja presente no cotidiano da sua prática educativa. Essas mudanças estão se manifestando fortemente e dificilmente vão retroceder. Todos estão atentos a estes movimentos, o que traz uma conscientização e uma sensibilização sobre a importância da inclusão.”, conclui.
Novo posto, mesma postura
A oportunidade para trabalhar no Senac ainda não passava pela cabeça de Mariany. Foi ao final do curso, quando um professor informou na sala de aula sobre uma abertura de vaga no setor administrativo que a jovem passou considerar a possibilidade de transformar seu local de formação em outro tipo de espaço de aprendizado, dessa vez com um emprego formal.
“Foi uma felicidade quando o Alexandre de Carvalho, diretor da unidade, me abordou para contar que essa vaga seria destinada para uma pessoa com deficiência e que eu poderia ocupar o posto. Hoje, trabalho como Auxiliar Administrativa, com processos da Supervisão Pedagógica, lidando diretamente com mais de 60 professores, que dão aulas aqui na unidade..."
"...Tem sido um processo muito interessante! Alguns deles já me conheciam das aulas. No começo, alguns tinham receio de como fariam para falar comigo, mas sempre tento ser muito solícita e vamos acertando a forma de nos comunicar. Os intérpretes de libras também sempre têm nos apoiados.”, conta a jovem.
Para Mariany, a base do curso no Senac tem feito a diferença no dia a dia. Tanto pela parte do bom relacionamento com as pessoas e colegas, característica que sempre gostou demonstrar enquanto aluna e agora serve ainda à funcionária, mas também nas habilidades técnicas da função. Além do curso técnico, a jovem também realizou um curso focado em Excel, no próprio Senac.
E não para por aí. Com o ensino técnico concluído e um trabalho em que pode se desenvolver profissionalmente, Mariany não vê a hora de alcançar novas conquistas e dar passos mais altos: “Durante o curso técnico, me apaixonei pelas matérias que envolviam finanças e pela área de contabilidade. Isso foi fundamental para formular meu novo objetivo que é fazer um curso superior na área. Inclusive, já prestei vestibular e fui aprovada em uma universidade pública aqui da região! Foi em um curso de outra área e que, por enquanto, não se encaixa na minha rotina, mas sigo buscando essa nova oportunidade de aprendizado”.
Trabalho pela mudança
Agora, Mariany está prestes a entrar em uma nova etapa do trabalho, mais independente nas funções que desempenha. Ela reflete que, a presença dela no corpo de funcionários nada mais é um lembrete da igualdade entre as pessoas:
“Em alguns momentos, ainda durante o curso, eu tive barreiras de comunicação e fiquei pensando como poderia mostrar para as pessoas que o surdo é capaz, que a pessoa com deficiência é capaz. Sempre alertei os professores para melhorar as estratégias de comunicação, as formas de passar o conteúdo. Em setembro do ano passado, mês em que é comemorado o Dia do Surdo, tive a oportunidade de mostrar para todos sobre a luta das pessoas surdas, os direitos já garantidos, como nós somos capazes e foi um momento muito bom e muito importante. Sigo realizando esse trabalho. Não podemos colocar a deficiência em um lugar definidor: todo nós somos iguais.”
Sobre o Senac em Divinópolis
O Senac em Divinópolis conta com 24 ambientes pedagógicos: 14 salas de aula e dez laboratórios para execução prática dos conteúdos, além do supermercado didático. Ao todo, cerca de 30 municípios são atendidos pela unidade como Arcos, Bom Despacho, Formiga, Itaúna, Oliveira, Pará de Minas e Santo Antônio do Monte.
A unidade está localizada na avenida Antônio Olímpio de Morais, 293 – Centro. Informações sobre todos os cursos ofertados no endereço comercial, pelo site www.mg.senac.br/ ou pelo WhatsApp (37) 3229-6400.
FONTE: https://g1.globo.com/mg/centro-oeste/especial-publicitario/senac/senac-em-divinopolis/noticia/2022/05/23/a-pessoa-surda-e-capaz-diz-mariany-santos-auxiliar-administrativa-do-senac.ghtml
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