Como aprender uma nova técnica ou desenvolver uma habilidade numa escola em que professores e materiais didáticos não falam a mesma língua que o estudante?
Essa poderia ser a dificuldade de alguém que viaja para o exterior sem falar o idioma do novo país, mas também é a descrição da realidade que muitos estudantes surdos vivenciam ao ingressar numa escola frequentada por pessoas ouvintes no Brasil. Mesmo com o auxílio de intérpretes de Língua Brasileira de Sinais (Libras), ainda há barreiras que precisam ser superadas, desde o planejamento das aulas até a escolha e a disponibilização de materiais de apoio adequados à comunidade surda.
O convívio com os desafios enfrentados pelas pessoas surdas faz parte do cotidiano da intérprete de Libras Cristiane Albano Marquetti, do Câmpus Jaraguá do Sul-Centro do IFSC. Com 15 anos de experiência em tradução e interpretação, ela percebeu na medida em que acompanhava estudantes surdos em sala de aula que a atuação do intérprete é fundamental, mas não resolve todos os problemas dos alunos surdos.
Segundo Cristiane, existem lacunas que precisam ser preenchidas para garantir a mesma qualidade na formação que é oferecida aos estudantes ouvintes. “A gente já evoluiu muito e vem melhorando cada vez mais aqui no IFSC, mas eu ainda queria que o estudante surdo chegasse na escola e tivesse um material didático adequado para ele exercer sua autonomia, que pudesse ir pra casa e realizasse com independência as atividades que ficou de entregar na próxima aula, que não precisasse vir numa aula extra no câmpus porque o material não está acessível”, conta.
Percebendo que as dificuldades se repetiam entre muitos estudantes, Cristiane decidiu criar durante o Mestrado Profissional em Educação Profissional em Rede Nacional (ProfEPT) o site “A moulage cartesiana em videoaulas”, com o objetivo de auxiliar estudantes surdos dentro do curso de ensino médio técnico em Modelagem do Vestuário em Jaraguá do Sul. “O programa de mestrado exigia a elaboração de um produto educacional, então optei pelo desenvolvimento dessa plataforma, que foi desenvolvida pensando especificamente no conteúdo de moulage cartesiana”, explica.
A moulage é uma técnica usada para “esculpir” um molde do corpo a partir de um manequim ou do próprio corpo humano para que, a partir desse molde, ocorra o processo de desenvolvimento de roupas. No caso da plataforma elaborada, a intérprete criou materiais didáticos ligados à moulage cartesiana, que é uma metodologia de moulage desenvolvida pela professora Mara Rubia Theis – também do Câmpus Jaraguá do Sul-Centro – que usa os eixos X e Y como norteadores: o meio do corpo é o eixo Y e as diversas partes do corpo como busto, cintura e quadril são consideradas como eixo X.
Para a elaboração do conteúdo, foi fundamental o trabalho em conjunto entre a intérprete e a docente responsável pelo conteúdo ensinado em sala de aula. Mesmo assistindo a todas as aulas das unidades curriculares de Ergonomia e Modelagem ministradas pela professora, a intérprete contou com Mara Rubia para também validar questões conceituais e auxiliar na produção dos vídeos. “Quem abrir o site vai ver o passo a passo de cada etapa. Para chegar nesse resultado, eu filmei e editei cada vídeo, mas foi a professora Mara quem ‘emprestou’ as mãos que aparecem em cada filmagem”, revela.
FONTE:
https://www.librasol.com.br/servidora-do-ifsc-desenvolve-site-para-auxiliar-na-formacao-de-estudantes-surdos/
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