Nessa última ida a São Paulo, fui e voltei no mesmo vôo que uma amiga. Na volta, estávamos as duas aguardando o vôo da Azul, já havíamos feito nosso checkin,
ticket na mão, tudo direitinho bonitinho. Ambas fuçando no celular na
esperança de conseguir um sinal de wifi (que pobreza de espírito não
liberarem wifi em aeroporto, pelo amor de Deus) quando, do nada, ela me
olha com olhos arregalados e diz: “CORRE!”.
Simplesmente saí correndo atrás dela porque não fazia idéia do que tinha
acontecido. Quando olho pra trás vejo um povo correndo junto, todo
mundo com cara de desatino. Enquanto corria pensava nas possibilidades. Ataque terrorista? Incêndio? Arrastão? Avião caindo? Ai meldels! Que nada, nosso vôo tinha sido cancelado.
Então, sabendo bem como é o perrengue de conseguir lugar em outro vôo
num horário próximo, todos os passageiros saíram em disparada até o
balcão da Azul.
Se ela não estivesse comigo, eu teria simplesmente ficado esperando o vôo igual a uma idiota, bem feliz, sem fazer idéia do que estava acontecendo. E porque? Porque os aeroportos brasileiros são VICIADOS EM ALTO FALANTES. Jamais pensaram na possibilidade de que gente que não ouve também viaja
– será que esses burros pensam que a gente vive trancado num porão? São
dezenas de TV’s espalhadas pelos aeroportos, custa avisar pela TV?
Bueno, tanto custa que só avisam pelo alto-falante. E o
pior é que além disso muitas informações mostradas nas TV’s estão
totalmente equivocadas, fazendo a gente perder tempo procurando vôos em
portões errados e, se bobear, nos fazendo até perder o vôo.
É o tipo de situação que penso que seria facilmente resolvida com bom senso. Avisa com som e com imagem, poxa. Qual é o drama? Alguns podem dizer: “Ah, você pode avisar a companhia aérea de que tem deficiência auditiva“.
Sério? Tem necessidade disso se uma simples TV pode me dizer se meu vôo
está confirmado e de qual portão ele sairá? Será mesmo necessário ficar
plantado naquele cercadinho com crianças que estão viajando sozinhas só
porque não escuto direito? Ah, vá.
Adoro o aeroporto de Ezeiza em Buenos Aires
porque lá todos os avisos são via TV. Não existe aviso por alto falante
(o que certamente prejudica passageiros cegos). Me sinto segura e
tranquila quando pego um vôo em Ezeiza. Na real, ainda notamos que em
váááários lugares e situações acessibilidade é vista como luxo, favorzinho, tapinha nas costas.
Justamente por não querer favor nenhum é que precisamos de
acessibilidade: me dá as ferramentas que eu preciso em função de não
ouvir e eu resolvo meus próprios problemas sem incomodar ninguém.
Facílimo!!! Tenho vontade de arrancar os cabelos quando pessoas de saúde
perfeita complicam a nossa vida em coisas tão banais.
Dentro do avião muitas vezes me acontecem situações engraçadas. Nesse vôo, o piloto falou algo pelo alto falante (oh vida, oh céus)
e percebi que os passageiros que estavam perto de mim começaram a
procurar por aquele papel plastificado que tem as instruções de
segurança. Meu sangue gelou. Para boa paranóica, meia
dedução basta. Já comecei a pensar que o piloto tivesse avisado que o
avião estava perdendo altitude e ia cair no mar, então era pro povo
repassar as instruções de como sair do avião pelos escorregadores de
borracha. Senhooooooooooor! No fim, ele só tinha avisado que as
comissárias iam passar com aqueles lanches pobrinhos da Gol e que os
passageiros deveriam procurar o cardápio…hahahaha!
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