Antes de iniciar as explanações sobre as várias categorias de identidade surda, precisa-se entender o conceito de ouvintismo e sua diferença com o oralismo.
Ouvintismo: ideologia dominante que
trata-se de um conjunto de representações dos ouvintes, a partir do qual
o surdo está obrigado a olhar-se e a narrar-se como se fosse ouvinte.
Além disso, é nesse olhar-se, e nesse narrar-se que acontecem as
percepções do ser deficiente, do não ser ouvinte; percepções que
legitimam as práticas terapêuticas habituais. Forma atual de continuar o
colonialismo sobre os surdos.
Oralismo: filosofia dominante, foi e segue
sendo hoje, em boa parte do mundo, uma ideologia dominante dentro da
educação do surdo. A concepção do sujeito surdo ali presente refere
exclusivamente uma dimensão clínica - a surdez como deficiência, os
surdos como sujeitos patológicos - numa perspectiva terapêutica. A
conjunção de idéias clínicas e terapêuticas levou em primeiro lugar a
uma transformação histórica do espaço escolar e de suas discussões e
enunciados em contextos médico-hospitalares para surdos.
Surdo não é Deficiente, é apenas Diferente, com
signos diferentes de ouvintes. Os surdos têm signos visuais enquanto os
ouvintes têm signos auditivos. As pessoas surdas têm a sua comunicação
visual, têm a sua própria língua, a língua de sinais permite que o surdo
crie a sua linguagem interior, entender os conceitos da vida, e além
disso também permite que o surdo tenha formação de linguagem e
pensamento, ter orgulho de sua diferença, e além do mais é uma língua
mais rica do que a falada.
Infelizmente a influência do poder ouvintista prejudica a construção da
identidade surda, tornando evidente que as identidades surdas assumam
formas multi-facetadas em vista das fragmentações a que estão sujeitas
face à presença do poder ouvintista que lhe impõe regras, inclusive,
encontrando no estereótipo surdo uma resposta para a negação da
representação da identidade surda ao sujeito surdo.
Levando em conta os fatores sociais, familiares, o poder
ouvintista que determinam na construção da identidade do sujeito surdo,
há categorias de identidades surdas, uma vez que existem diferenças
entre os surdos:
- Identidade Surda - são as pessoas que têm identidade surda plena, geralmente são filhos de pais surdos, têm consciência surda, são mais politizados, têm consciência da diferença, e têm a língua de sinais como a língua nativa. Usam recursos e comunicações visuais.
- Identidade Surda Híbrida - são surdos que nasceram ouvintes e posteriormente se tornam surdos, conhecem a estrutura do português falado.
- Identidade Surda de Transição - são surdos oralizados, mantidos numa comunicação auditiva, filhos de pais ouvintes, e tardiamente descobrem a comunidade surda, e nesta transição, os surdos passam pela desouvinização, isto é, passam do mundo auditivo para o mundo visual.
- Identidade Surda Incompleta - são surdos dominados pela ideologia ouvintista, não conseguem quebrar o poder dos ouvintes que fazem de tudo para medicalizar o surdo, negam a identidade surda como uma diferença. São surdos estereotipados, acham os ouvintes como superiores a eles.
- Identidade Surda Flutuante - são surdos que têm consciência ou não da própria surdez, vítima da ideologia ouvintista. São surdos conformados e acomodados a situações impostas pelo ouvintismo, não têm militância pela causa surda. São surdos que oscilam de uma comunidade a outra, não conseguem viver em harmonia, em nenhuma comunidade, por falta de comunicação com ouvintes e pela falta de língua de sinais com surdos.
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