As
políticas de educação brasileira têm sua trajetória marcada por avanços
significativos ao longo da historia. Segundo Ball (1997) afirma que
nenhuma política é neutra, pois se insere em um campo de representações
codificadas e decodificadas, engendradas, em determinado contexto
histórico e espaço geográfico, de uma forma complexa e multifacetada,
por meio de conflitos, lutas e correlações de forças.
As
políticas públicas voltadas para o atendimento de sujeitos com
necessidades especiais têm estado presente quase sempre em um campo
muito contestado. Em 1961, com a primeira LDB (Lei 4024/61) já se dava
ênfase no sentido de conceber a educação como direito de todos e de
recomendar a integração da educação especial ao sistema nacional de
educação. Já a Lei 5692/71 que alterou a referida Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional também reafirmou a necessidade de se conferir
um tratamento adequado aos alunos com necessidades especiais.
A
Constituição de 1988 em seu artigo 208, essa Lei Maior Brasileira
determinou ser dever do Estado, o atendimento educacional especializado,
aos portadores de deficiência, na rede regular de ensino. Mas foi só
depois da LDBEN (9394/96) é que a educação especial passa a ser objeto
de muitos debates, principalmente no que se refere ao seu artigo 58 onde
conta que “essa modalidade de educação deve ser oferecida,
preferencialmente, na rede regular de ensino para os alunos portadores
de necessidades especiais”. Recomenda também que deve contar com: apoio
especializado, para o atendimento adequado aos alunos especiais e
classes, escolas ou serviços especializados quando, não for possível, a
inclusão em classes regulares.
Buscando
atender as especificidades impostas pela nova LDB, começou-se a
procurar a maneira mais adequada de comunicação culminando no ano de
2002 com a oficialização da LIBRAS e, gerando a partir daí surge novas
discussões, sobretudo, por parte dos surdos oralizados e de
profissionais que trabalhavam com surdos, que não sentiam-se inclusos
numa comunidade surda e que a partir de então passam a encarar a nova
língua como objeto hostil para o sistema educacional.
Outro
problema ainda a ser vencido desde a criação da LIBRAS é que muitos
profissionais ainda não entendem a mesma como uma linguagem vendo-a
apenas como uma maneira de comunicação para aqueles surdos que não
conseguem desenvolver a forma oralista de comunicação, existindo por
parte destes profissionais, a predominância da visão oralista (DIZEU
& CAPORALI, 2005). Este fator acaba contribuindo de maneira negativa
no processo de integração social do surdo indo, portanto, na contramão
do que busca a LDB, pois na grande maioria dos surdos o desenvolvimento
desta forma de comunicação não é possível devido a sua limitação.
Passou-se
a partir das novas concepções determinadas por marcos legislativo, a
vigorar a idéia de que a inclusão do aluno surdo na rede de ensino
regular possui um papel determinante para o desenvolvimento, não apenas
educativo, mais de todo o contexto sócio-cultural do indivíduo uma vez
que o comprometimento da perda da capacidade auditiva acarreta enormes
dificuldades de socialização com pessoas ouvintes carecendo, então, de
intervenções pedagógicas, familiares e sociais, para que o processo de
integração ocorra de forma agradável ao portador da dificuldade
levando-o a uma socialização completa com o mundo que o rodeia (SOUZA
& MACÊDO, 2002).
Essa
idéia de inclusão imposta pela legislação, não é vista por todos como
uma proposta redentora uma vez que possui contrapontos que devem ser
analisados com especial atenção visando de, uma forma geral, a melhor
opção daquilo que pode ser considerado a verdadeira integração do aluno
portador de surdez no conjunto da comunidade. A idéia predominante ainda
hoje, no entanto, é que constitui um ato de discriminação colocar os
alunos surdos, ou portadores de outras deficiências, em salas de aulas
de escolas especiais. Esta idéia é vista ainda como um ato de atentado a
modernidade, ou ao avanço tecnológico e, de outro lado, a inclusão de
alunos “deficientes” juntamente com alunos “normais” é um ato de
solidariedade e um grande avanço educacional ignorando o fato de que
apesar a aproximação física o aluno surdo afastado pela restrição de
comunicação vez que, os alunos não surdos possuem apenas o conhecimento
da língua oral e a eles não são oferecidos o ensinamento da LIBRAS (SÁ,
2006).
Propiciar
a inclusão dos alunos portadores de surdez num ambiente onde a maioria
dos alunos são ouvintes, aí fica a indagação, isso é inclusão ou
exclusão? Como fica a socialização destes, uma vez que sua forma de
comunicação é gestual-visual e a do aluno ouvinte é oral-auditiva? E o
desenvolvimento da aprendizagem deste dentro da sala de aula comum pode
ser satisfatório? São estas questões, propostas por Sá (2006), que
devemos analisar com muito cuidado, para não cometermos erros que possam
prejudicar o desenvolvimento do aluno portador de surdez.
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