Tradutora de Libras recebeu até proposta de casamento após debate no Rio
Em poucos minutos, Gildete Amorim virou um dos assuntos mais comentados no Twitter
 Ela ficou famosa na noite de terça-feira (19), durante o debate dos 
candidatos ao governo do Rio de Janeiro promovido pela Band, sem nem 
mesmo estar concorrendo a um cargo nas próximas eleições de outubro. Com
 a imagem reduzida a uma janelinha no canto da tela, Gildete Amorim, 
intérprete e tradutora de Libras (Língua Brasileira de Sinais), roubou a
 atenção dos telespectadores e, em poucos minutos, virou um dos assuntos
 mais comentados no Twitter.
 Desenvolta para falar do trabalho 
que domina e tímida quando o assunto é vida pessoal, Gildete, que atua 
na função há 18 anos, contou ao UOL, com um riso meio sem graça, que ficou surpresa com tanta repercussão.
 Ela conta ter recebido diversas mensagens, a maioria parabenizando a 
atuação dela, mas algumas de cunho pessoal, mais ousadas. "Tem gente 
interessada até em casar comigo, sem saber que eu sou solteira. Imagina 
se soubessem", se diverte. Agora já sabem.
 Veja trechos da entrevista com Gildete:
 Esta foi a sua primeira experiência como tradutora e intérprete em eventos políticos?
 Já tenho experiência de mais de sete anos em tradução de programas de 
propaganda eleitoral, mas esse foi o primeiro debate. Vou confessar que 
eu estava tensa. Eu só recebi a programação, a divisão pra cada 
candidato.
 Até me questionaram se eu tive acesso antes às 
perguntas do entrevistador, mas não tive, muito menos às respostas dos 
candidatos. Mas foi uma experiência muito rica. Acredito que eu tenha 
superado as expectativas não só da emissora, mas também pude 
proporcionar acessibilidade à comunidade surda. Foram muitos comentários
 positivos nas redes sociais.
 Como você ficou sabendo da repercussão da sua atuação?
 No segundo ou terceiro intervalo, uma repórter falou que queria me 
entrevistar, porque eu estava bombando no Twitter.  Fiquei preocupada: 
bombando em que sentido? E ela me disse que estava todo mundo me 
elogiando.
 Dei algumas entrevistas no fim do programa e, quando 
entrei no carro pra voltar pra casa, comecei a procurar pelo celular. 
Muitos colegas me elogiando no Facebook e, como não tenho Twitter, me 
passando as informações. Muitas mensagens também de pessoas que nem 
conheço.
 O que diziam nessas mensagens?
 A maioria foi elogiando o meu trabalho, me parabenizando, especialmente
 por parte da comunidade surda. Mas tiveram algumas pessoas interessadas
 também... Gente interessada até em casar comigo, sem saber que sou 
solteira. Imagino se soubessem! (risos)
 Como você se sentiu?
 Fico gratificada, 
feliz. Agradeço primeiro a Deus e, em segundo lugar, à comunidade surda 
de me dar a oportunidade de aprender a língua, de conviver com eles e 
transmitir o que eles não podem ouvir.
 Pra mim é gratificante 
ver uma pessoa de 41 anos como a minha irmã, que ficou à margem da 
sociedade esse tempo todo, tendo acesso ao que foi negado por 
governantes. Os louros não são meus, são da comunidade surda.
 
Eles que estão tendo visibilidade, que estão merecendo respeito e 
credibilidade pra que possam entender de fato o que o governo pensa a 
respeito deles. Será que agora, com essa repercussão do meu trabalho, os
 candidatos vão se preocupar mais em colocar a janela do intérprete em 
seus programas, vão procurar saber o que pode ser feito para chegar até a
 comunidade surda, para que os surdos tenham acesso ao que eles estão 
propondo pro governo do Rio? Vale a reflexão pros políticos e pra toda a
 sociedade. Acessibilidade não é só rampa, cão guia e legenda.
 Você
 chamou a atenção do público principalmente pelas expressões faciais e 
pelo gestual mais expansivo. Isso é comum entre os tradutores e 
intérpretes ou é uma característica sua?
 Um método 
bastante utilizado para tradução é a legenda, mas ela não é suficiente 
para surdos. As expressões faciais e corporais do intérprete, ou seja, 
os sinais, são a voz do que o emissor está falando.
 Sempre 
enriqueço meus trabalhos com expressões faciais e corporais. Na verdade,
 somos orientados a isso, a utilizarmos os sinais de acordo com o 
contexto que está sendo utilizado pelo candidato. Se o candidato falar 
mais rápido, me expresso mais rápido.
 Pra uma entonação de voz 
mais lenta, não tem necessidade de tanta expressão. Algumas palavras 
comuns pros ouvintes não são conhecidas na comunidade surda, então tem 
que fazer os sinais correspondentes pra que eles entendam.
 Acho 
que chamei a atenção por algum brilho especial que caiu sobre mim ontem.
 E eu não quero que esse brilho venha só pra mim. Quero que esse mesmo 
brilho seja derramado sobre outros tradutores e intérpretes, para que 
eles possam compreender o que é uma tradução em tempo real e a 
importância desse trabalho.
 http://eleicoes.uol.com.br/2014/noticias/2014/08/20/tradutora-de-libras-recebeu-ate-proposta-de-casamento-apos-debate-no-rio.htm#fotoNav=2

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