Yanara Mota conta que enfrentou muitos obstáculos para obter informações nos atendimentos médicos.
ALAGOAS – A estudante Yanara Mota, de 19 anos, teve o zika vírus e
descobriu a microcefalia da filha, a pequena Dayara, no sexto mês de
gravidez. Ela é surda e já enfrentou muitos obstáculos para obter
informações nos atendimentos médicos.
“As
informações eram quase impossíveis. Às vezes minha mãe quem ia junto
para as reuniões e palestras e me ajudava na interpretação”, disse. A
estudante começou a ser acompanhada pela Central de Interpretação de
Libras (CIL) e conta que o apoio foi essencial para uma melhor
comunicação nos atendimentos. “Depois que passei a ser acolhida pela
Central de Interpretação de Libras, vejo o quanto os intérpretes da CIL
foram importantes nesse acompanhamento e esclarecimento das
informações”.
A Central de Interpretação de Libras (CIL) é um equipamento da
Secretaria de Estado da Mulher e dos Direitos Humanos (Semudh) que
promove acessibilidade e atendimento especializado às pessoas com
deficiência auditiva, surdas e com surdocegueira, por meio da tradução e
interpretação da Língua Brasileira de Sinais (Libras).
“No meu sexto mês de gravidez, a médica percebeu que a massa craniana
da minha filha estava curtinha. Nesse momento, meu sentimento foi de
preocupação. Após ela nascer e realizar alguns exames, foi diagnosticada
com microcefalia. Não fiquei triste, pelo contrário, a felicidade tomou
conta de mim. Identifiquei-me com ela por entender a sua deficiência”,
revela a estudante Yanara Mota.
Para Ana Lúcia Mota, mãe de Yanara, a CIL não só foi importante para
elas, mas também, na vida de todas as pessoas que têm surdez. “A falta
de comunicação entre ouvintes e surdos ainda é muito grande. Antes,
quando não existia a CIL, a intérprete era eu. E, agora, com a chegada
da CIL, a Yanara e qualquer pessoa surda têm facilidade no acesso às
informações por meio dos intérpretes. Só tenho que agradecer pelo
acolhimento da Central”, enfatizou.
Segundo
a secretária de Estado da Mulher e dos Direitos Humanos, Claudia
Simões, o apoio da família foi fundamental na vida de Yanara e de sua
bebê, Dayara. “Crianças com microcefalia precisam de muito amor, cuidado
e atenção. No processo terapêutico, se a família não está envolvida não
há resultado. O conhecimento da causa, o amor e a presença da mãe e de
toda a família foram fundamentais na vida desta criança”, comentou a
secretária.
Microcefalia
A microcefalia trata-se de uma condição neurológica que, geralmente, é
diagnosticada no início da gestação. Dados do Ministério da Saúde
apontam que, de 2015 a 2016, foram registrados 1.616 casos de
microcefalia em todo o Brasil. Em Alagoas, 74 casos foram confirmados
nesse período.
Alguns fatores estão diretamente ligados ao desenvolvimento da
microcefalia em bebês, como por exemplo: o abuso de álcool e drogas
ilícitas; algumas infecções adquiridas na gravidez (taxoplasmose,
rubéola, citomegalovírus); e o causador do surto de casos de
microcefalia em 2015, no país, o zika vírus, quando a mãe é infectada
pelo mosquito Aedes aegypti, ainda no primeiro trimestre da gestação.
De acordo com Yanara, o zika vírus foi o causador da microcefalia em
sua filha. “No primeiro mês de gravidez eu não sabia que estava grávida.
Teve o surto de dengue e comecei a ter os sintomas do zika. Mas, tomei
algumas vacinas e fiquei, naturalmente, bem. Depois de um tempo, fui
novamente contaminada pelo vírus e fiquei preocupada, pois já sabia da
gravidez”, relembra.
A superintendente da Pessoa com Deficiência, Dilma Pinheiro, falou do
papel da Superintendência e da importância da CIL para o atendimento às
pessoas com surdez. “O nosso papel, enquanto Superintendência da Pessoa
com Deficiência, é articular, executar e monitorar políticas públicas
para este segmento, aqui em Alagoas. A CIL veio com essa proposta de
acolher e garantir o direito à comunicação, não só para a Yanara, mas
para todos que necessitam deste atendimento”, disse a superintendente.
Prevenção para gestantes
Todo cuidado é pouco quando o assunto é Microcefalia. De acordo com o
Ministério da Saúde, há várias formas das gestantes se prevenirem da
microcefalia, como por exemplo: não usar medicamentos não prescritos
pelos profissionais de saúde; fazer um pré-natal qualificado e todos os
exames previstos nessa fase; relatar aos profissionais de saúde qualquer
alteração que percebam durante a gestação.
Também é importante que as futuras mães reforcem as medidas de
prevenção ao mosquito Aedes aegypti, com o uso de repelentes indicados
para o período de gestação; o uso de roupas de manga comprida; evitar o
acúmulo de água parada em casa ou no trabalho; e independente do destino
ou motivo, consultar o seu médico antes de viajar.
Em Alagoas, a primeira Central de Interpretação de Libras foi
implantada em 21 de agosto de 2015, em Maceió. Brevemente, o Estado
contará com uma nova Central em Delmiro Gouveia, beneficiando a toda
comunidade surda do alto sertão alagoano.
“É notório perceber a mudança que houve com a instalação da CIL.
Vários surdos conquistaram autonomia. Para eles irem a qualquer lugar
precisavam ter alguém da família ou ter dinheiro para pagar um
intérprete. Então, foi por meio da CIL que esses surdos passaram a ter
independência e acessibilidade em muitos lugares”, comenta a
coordenadora da CIL, Gilmara Freitas.
A equipe da CIL é composta, atualmente, por seis intérpretes e um
professor surdo. Para acessar os serviços, o usuário deve fazer um
agendamento pelo número 3315-2132 ou de forma presencial. A CIL está
instalada na Central da Mulher e dos Direitos Humanos, na Rua Augusto
Cardoso, S/N, na Jatiúca.
http://www.surdosol.com.br/central-de-libras-auxilia-mae-surda-a-cuidar-de-filha-com-microcefalia/
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