Na fala de quatro docentes e pesquisadores surdos, questões da comunidade surda brasileira que se tornaram mais visíveis durante a pandemia de Covid-19 serão discutidas nas lives promovidas pelo Núcleo de Ensino de Libras (Nel) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) entre os dias 24 e 26 de agosto, pelo YouTube. A participação é gratuita e a inscrição será realizada por meio de link que será disponibilizado antes do início de cada transmissão, a partir das 19h30.
Dos quatro convidados, três são professores do curso de Letras Libras da UFPR: Jefferson Jesus, Daiane Ferreira (também vice-coordenadora do curso) e Marcelo Porto, que fará a mediação. A quarta convidada é a professora Fernanda Brito, mestra em Educação pela UFPR e professora de Libras da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD).
A ideia das lives é destacar o protagonismo dos pesquisadores surdos na produção de conhecimento e fortalecer a políticas de educação bilíngue para surdos, de modo que cada professor fale da sua história como estudante, docente e pesquisador da Língua Brasileira de Sinais (Libras) e da educação bilíngue, que inclui a língua de sinais e a nacional.
Acessibilidade
O debate central será em torno de mitos que associam a acessibilidade para surdos à aprendizagem da oralidade e da leitura labial. Estima-se que apenas 15% dos 2,3 milhões de surdos no Brasil sejam oralizados. “Existem preconceitos e mitos capacitistas ainda predominantes no senso comum, e um deles é o de que todos os surdos se comunicam por meio da leitura labial”, afirma a professora Sueli Fernandes, do curso de Letras Libras da UFPR.
Segundo a visão predominante entre estudiosos do tema, essas percepções criam obstáculos à disseminação da Língua Brasileira de Sinais (Libras), que compõe a educação bilíngue para surdos e permite também a preservação da cultura desse grupo social. No Brasil, a educação bilíngue é considerada um direito da comunidade surda desde a aprovação da Lei nº 10.436 (Lei da Libras), em 2002. “A acessibilidade em Libras é o principal meio de acesso à comunicação e ao conhecimento, potencializando tecnologias de comunicação e informação para os surdos”, diz Sueli.
Histórico
A questão é sensível porque permeia a história da educação para surdos, marcada do século XIX até os anos 1970 por políticas de caráter clínico. As principais características dessas políticas eram a obrigatoriedade da reabilitação da fala (oralização) e o uso de tecnologias auditivas (próteses e implantes cocleares) — ainda que seus resultados não fossem efetivos na comunicação.
“O oralismo perpetuou por décadas uma concepção da identidade entre ‘deficiência auditiva e problemas de linguagem’, levando ao apagamento de produções culturais das comunidades surdas, como é o caso da proibição da língua de sinais nas famílias e nas escolas”, explica Sueli.
Nesse sentido, a professora ressalta que as transmissões terão foco na defesa da educação bilíngue como a de mais capacidade de promover a inclusão desse grupo social. Esse princípio está no centro da licenciatura em Libras da UFPR, criada em 2015 e que formou sua primeira turma em dezembro de 2019. “O curso de Letras Libras é um legado dos movimentos sociais nas duas últimas décadas pelo reconhecimentos dos surdos como minoria linguística nacional”.
Sobre o núcleo
O Nel é uma unidade da UFPR, ligada ao curso de licenciatura em Letras Libras, que atua em atividades de pesquisa e extensão no campo de ensino de Libras em Curitiba.
Uma das atividades do núcleo é a oferta de cursos gratuitos da língua. Desde 2016 uma média de 240 ouvintes aprendem Libras no núcleo por ano.
SERVIÇO
Evento “Educação bilíngue ou acessibilidade? Reflexões para além da pandemia
Quando: dias 24, 25 e 26/8, a partir das 19h30
Onde: via YouTube, no canal do NEL/UFPR
Para mais informações, leia sobre o evento na fanpage do Nel/UFPR no Facebook
Acesse o site do Nel/UFPR aqui
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