Depois de libras, a língua portuguesa
Esse aprendizado ajuda na comunicação dos surdos com a sociedade
Por Eduardo Lucizano Fotos Shutterstock
Quem procura uma profissão ou busca o sucesso na carreira, sabe
 que é essencial o aprendizado de uma segunda língua. Para as pessoas 
com deficiência auditiva essa atitude significa a busca pela melhora do 
convívio social. "Aprender é fundamental, pois apesar de ter a Libras 
como primeira língua, o surdo necessita aprender o português na 
modalidade escrita como segunda língua, para se comunicar e ter acesso 
ao conhecimento e à cultura local", explica Mônica Gargalaka, pedagoga, 
especialista em educação de surdos e uma das responsáveis pelos projetos
 do segmento na Secretaria Municipal de Educação de São Paulo.
O contato com a língua portuguesa, na maioria das vezes, é 
tardio, porque normalmente os pais são ouvintes. A criança surda tem 
inicialmente o aprendizado da Língua Brasileira de Sinais (Libras), 
totalmente diferente da língua utilizada pela sociedade ouvinte, o que 
atrapalha a comunicação em geral. Assim, é necessário criar meios para 
ensinar o português às pessoas com deficiência auditiva, pois trata-se 
da língua oficial, embora seja uma segunda língua para eles, o que exige
 um processo formal de aprendizagem. Mas primeiro, é preciso estudar um 
plano de ensino e qualificar os professores, para que estes sejam 
capazes de atender os alunos.
A Secretaria Municipal de Educação de São Paulo criou o Programa 
Inclui, que tem como objetivo reestruturar as escolas especiais da rede 
municipal e fazê-las escolas bilíngues. Lá, as crianças aprenderiam 
Libras e língua portuguesa. "A Secretaria tem oferecido a todos os 
envolvidos na educação destes alunos, cursos de formação e 
aprofundamento em Libras e ensino de português como segunda língua. Este
 é um dos principais objetivos: a formação dos nossos professores", fala
 Mônica.
Para Nelma Carvalho, pedagoga especializada em Educação Especial e
 professora bilíngue Libras/ Português, a maior dificuldade no ensino é a
 repetição de palavras que não têm significado para os surdos. "A grande
 reclamação deles é ficarem repetindo palavras que não têm sentido para 
eles. Penso que quando se entendem os conceitos das palavras e 
expressões, o aprendizado se torna mais eficaz", ressalta a 
especialista.
Outro empecilho encontrado é a maneira como se aplica o ensino. 
"Até pouco tempo, ensinávamos enfatizando o código da língua, com o 
objetivo de os alunos dominarem a morfologia e a sintaxe da língua. 
Percebemos que as dificuldades de leitura e escrita da língua portuguesa
 são consequências da falta de métodos e procedimentos de ensino 
adequados. Nos últimos anos, a concepção de língua começou a mudar. Em 
vez de código, a língua tem sido concebida como atividade discursiva.
E a metodologia se adapta a esta nova concepção", explica Mônica.
 Quando o aluno já possui conhecimento da Libras, a tarefa de aprender o
 português é mais simples, afinal, já existe um canal de comunicação 
aberto.
Há também o questionamento sobre a influência de uma linguagem em
 outra e ambas as especialistas concordam que não há dificuldades, nem 
confusão. "Surdos são pessoas inteligentes e assim como qualquer um que 
está dia nte de alguém que fala outro idioma, se esforçam para se 
comunicarem de forma clara. Já em sua comunidade, usam libras", comenta 
Nelma.
A aprendizagem
O método normalmente utilizado explora o mundo visual dos surdos e todo o procedimento gira em torno deste que é o principal meio de comunicação. Em geral, o ensino é em grupo, visto que se inclui aí o fator social e a interação. "Toda a metodologia é bem visual, pois o canal mais importante para o surdo é a visão. É na leitura que as crianças farão suas hipóteses sobre o funcionamento da língua portuguesa. As hipóteses elaboradas visualmente serão testadas à medida que as crianças surdas tenham acesso às atividades que envolvam a escrita", conta Mônica.
O método normalmente utilizado explora o mundo visual dos surdos e todo o procedimento gira em torno deste que é o principal meio de comunicação. Em geral, o ensino é em grupo, visto que se inclui aí o fator social e a interação. "Toda a metodologia é bem visual, pois o canal mais importante para o surdo é a visão. É na leitura que as crianças farão suas hipóteses sobre o funcionamento da língua portuguesa. As hipóteses elaboradas visualmente serão testadas à medida que as crianças surdas tenham acesso às atividades que envolvam a escrita", conta Mônica.
Caso o aluno tenha o conhecimento em Libras, a situação é ainda 
mais favorável. O trabalho é lento, porém mais fácil, já que durante as 
aulas, sempre existe o paralelo com a língua de sinais. O professor 
trabalha com temas e por meio dessa estratégia, formula textos com 
histórias dos alunos, ensinando conceitos, leitura, escrita, entre 
outros. É claro que o método seria mais eficaz se existisse um material 
apropriado e voltado exclusivamente para os surdos, ou, quem sabe, até 
com equipamentos especificamente visuais.
Atualmente, os alunos surdos usam o mesmo material dos alunos do 
ensino regular, como cadernos de apoio adaptados. De acordo com a 
Secretaria de Educação, um material voltado especificamente para as 
pessoas com deficiência auditiva está sendo produzido e deve ser lançado
 este ano. Enquanto isso, os professores trabalham com o que têm nas 
mãos e comemoram evoluções. Ainda bem!
A prova de que aprender português é essencial vem das palavras de
 Renan Santos Souza, de 16 anos: "Hoje tenho mais segurança ao conversar
 com ouvintes que não sabem Libras. Comemoro minha autonomia ao ler 
textos e mandar mensagens via internet, celular e cartas", fala.
Ele comenta que ainda aprende português atualmente e que o mais 
difícil é entender palavras de significado mais complexo. "Tenho ainda 
dificuldades de gramática, porque a estrutura gramatical de Libras é 
muito diferente, mas sigo exercitando e sou perseverante", finaliza.
"O papel da Libras na instrução do 
português escrito é primordial, porque possibilita o conhecimento de 
mundo e de língua, com base nos quais os alunos surdos poderão atribuir 
sentido ao que leem e escrevem", explica Mônica Gargalaka, pedagoga e 
especialista em educação de surdos
Serviço
Secretaria Municipal de Educação de São Paulo
www.portalsme.prefeitura.sp.gov.br
http://revistasentidos.uol.com.br/inclusao-social/64/artigo215266-1.asp

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