A depressão e a surdez estão, muitas vezes,  intimamente conectadas. Sabendo disso, convidei a psicóloga Alice Mathiason Lewi
 para escrever um post que explicasse melhor essa questão. A quem 
interessar possa, ela atende em São Paulo e também é usuária de 
aparelhos auditivos (seu email de contato é alewi@uol.com.br ).
Sofrimento normal
A consciência da surdez
 e dos prejuízos decorrentes desta condição causa um enorme impacto 
psicológico em quem a vivencia. É comum sentirmos medo, tristeza, 
desânimo, vazio e falta de perspectiva, decorrentes das nossas 
dificuldades de apreender o mundo e nos relacionarmos. Outras vezes, nos
 sentimos abandonados pelo destino, sozinhos, derrotados e 
incompreendidos.
O sofrimento é normal e esperado, inerente ao processo de elaboração da vivência do luto. É fundamental reconhecer e acolher a dor, ela precisa ser legitimada para que possamos transformá-la.
 Os momentos de ruptura, quando os antigos referenciais não funcionam 
mais, exigem de nós a busca uma nova ordem. A percepção de que 
precisamos mudar envolve um caminho muitas vezes tortuoso e difícil, mas
 é nele também que encontramos a esperança e as surpresas que a vida nos
 reserva.
Os sintomas do sofrimento 
podem durar certo tempo e trazer um impacto na nossa vida diária, mas é 
esperado que aos poucos possamos nos reerguer e que a dor se transforme 
em motor para a busca de novas possibilidades e sentidos. Precisamos 
sair da solidão e procurar pessoas que possam nos dar suporte e nos 
ajudar a encontrar saídas.
O reencontro com o mundo dos sons costuma ser possível, desde que façamos a nossa parte, indo em busca de um otorrino especialista em surdez que vai avaliar o grau da perda auditiva e o que pode ser feito em cada caso, como o uso de aparelhos auditivos ou a cirurgia de implante coclear.
Não menos importantes nesta jornada são o fonoaudiólogo e o psicólogo, que juntos trabalharão para melhorar a nossa qualidade de vida.
Depressão
Em
 algumas pessoas, os sentimentos de tristeza e falta de esperança 
permanecem na maior parte do dia, quase todos os dias e acabam se 
transformando em depressão. Falta interesse ou prazer para realizar 
todas as atividades diárias. Além disso, podem aparecer outros sintomas 
como cansaço constante, falta de energia, alterações do sono, da fome e 
da concentração.
Há pessoas que 
também sentem agitação ou lentidão, irritação, falta de energia e 
cansaço. Pode haver sentimentos de inutilidade ou culpa, chegando até 
mesmo a pensamentos de morte. Quando esses sintomas de sofrimento nos 
paralisam e começam a causar prejuízos significativos no nosso 
funcionamento social, profissional e em outras áreas da nossa vida é 
hora de procurar ajuda profissional.
O
 psiquiatra vai avaliar se esses sintomas configuram um quadro de 
depressão e indicar um tratamento, que costuma ser medicamentoso 
associado à psicoterapia.
Caminhos possíveis
É
 fundamental sair do isolamento e ir  em busca de suporte emocional para
 recomeçar essa nova jornada. Procurar outras pessoas para compartilhar 
os nossos sentimentos e dúvidas nos ajuda a nos sentirmos mais 
confiantes e a encontrar saídas possíveis antes que a depressão se 
instale.  
Podemos
 contar com uma rede de apoio virtual para dividir as nossas angústias, 
faz toda a diferença ter um grupo de pertencimento aonde nos sentimos 
ouvidos e acolhidos. Aproveite essa rede e promova encontros reais, nada
 melhor do que um ombro amigo. Somos parte dessa grande família dos surdos que ouvem, aqui encontramos inúmeras histórias inspiradoras de pessoas que transformaram as adversidades em possibilidades.  
Momentos de angústia fazem parte do processo de aceitação da surdez,
 mas eles não podem ser permanentes. A incapacidade de realizar as 
atividades diárias e a falta de prazer prolongada são sinais de alerta! 
Procure um psiquiatra e um psicólogo, é muito importante reconhecer 
quando passamos dos nossos limites e procurar ajuda profissional. Ficar 
se culpando e vitimizando não transforma a realidade. 
Somos responsáveis por nossa própria vida e continuar em frente é o único caminho possível.
https://cronicasdasurdez.com/depressao-surdez/ 


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