‘Oi, Paula! Sou leitora assídua do Crônicas,
 gosto e me identifico com o que você escreve, sou deficiente auditiva, 
severa/profunda (bilateral) desde os meus 10 anos de idade, a causa 
certa até hoje não se sabe, supõe-se que tenha sido em decorrência da 
rubéola. Tenho 50 anos, sou de Sampa, casada e mãe de 
dois garotos. Meu marido e meus filhos são ouvintes e são maravilhosos, 
não temos nenhum “grilo” com relação a minha deficiência. Sempre estudei
 em escola normal, sou formada em Pedagogia e trabalho em uma biblioteca
 escolar. Claro, que enfrentei e ainda enfrento muitas 
dificuldades, e são elas que me dão força pra seguir em frente e não 
desistir, NUNCA! Fazendo um retrospecto de tudo que já vivi, vejo que há muita desinformação das pessoas com relação aos deficientes, por isto, acho
 fundamental que falemos de nós, que mostremos as pessoas que nem todo o
 surdo é mudo, que nem todo surdo fala em libras, que existem surdos 
oralizados, etc … etc, enfim que se desmitifiquem velhos conceitos e 
abra a mente das pessoas para a diversidade.
Aos 10 anos eu perdi a minha audição, mas só aos 19 anos, meu pai conseguiu comprar um aparelho pra mim.
 Na década de 80 os AASI eram caríssimos, e não me esqueço do dia que 
coloquei o meu aparelho no ouvido, neste dia tinha uma criança chorando 
na sala ao lado da minha, e como foi bom ouvir aquele choro, parecia que
 aquela criança estava chorando no meu colo, saí de lá deslumbrada com 
todos os sons e barulhos que ouvia.  Daí em diante, nunca mais me 
separei dos meus aparelhos, só tiro pra tomar banho e dormir, EU AMO OUVIR e
 todas as vezes que precisei ficar sem o AASI por algum motivo, foi um 
sofrimento me separar deles. Devido o grau da minha deficiência, o ideal
 era que eu usasse um AASI em cada ouvido, mas a grana sempre foi curta e
 por um bom tempo só usei no ouvido direito, somente a partir de 2008 
consegui adquirir outro que passei a usar no ouvido esquerdo. Durante 
muitos anos minha perda foi estável e os AASI’s eram suficientes para 
uma boa qualidade de vida, mas de um ano pra cá, notei que a minha 
audição já não era mais a mesma e comecei a ter dificuldades para ouvir e
 compreender, e ao fazer uma audiometria nova, veio à confirmação do que
 eu já esperava: os AASI’s já não me servem mais! Partido deste 
diagnóstico, agora estou fazendo uma bateria de exames para ver se posso
 fazer o implante coclear. Estou muito confiante, eu quero e vou fazer. Quero viver e morrer ouvindo todos os sons que a vida pode me oferecer quero ser uma pessoa ativa no mundo, não quero que a SURDEZ me distancie das pessoas e nem do mundo.
Sou uma grande admiradora da sua CORAGEM e FORÇA,
 tenho certeza que tudo já deu certo com o seu implante e que à partir 
do dia 11/11 um novo mundo sonoro se abrirá pra você, com muitas 
redescobertas e novas descobertas. Acredito que tudo nesta vida não é 
por acaso, e tudo tem que acontecer exatamente na hora que tem que ser. 
Quando eu descobri a minha surdez, não existia a internet, mas hoje 
graças a ela não existe barreiras para a informação e a comunicação 
ficou muito mais fácil. Através da net, conheci você, a Lak
 que disponibilizam informações sobre o IC e que esclarecem quem tem 
interesse em fazê-lo. Pra mim, este é o grande “barato” da vida, compartilhar experiências com as outras pessoas,
 tudo que doamos aos outros volta a nós multiplicados, é um ciclo. Ainda
 não li o seu livro, mas ele já está na minha lista de prioridades 
IMPERDÍVEIS! Sou GRATA ao UNIVERSO por tudo que aprendi e 
aprendo contigo, garota! Você é uma inspiração, desejo-te toda a sorte e
 felicidade do mundo, juntos somos fortes e tem muita gente torcendo por
 você.
Beijos, AnaLú‘
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